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Ave marinha rara resgatada em praia de Alcobaça

08.09.2017

Um airo (Uria aalge) juvenil foi resgatado, na semana passada, na praia do Vale Furado, concelho de Alcobaça, por militares da Polícia Marítima. A ave, de uma espécie rara em Portugal, está agora aos cuidados do CRAM – Centro de Reabilitação de Animais Marinhos.

 

O airo que deu à costa na praia do Vale Furado foi detectado e recolhido dia 3 de Setembro de manhã por militares da Marinha em apoio à Autoridade Maritima local, na área de jurisdição da Capitania do Porto da Nazaré, pertencentes à tripulação de uma das viaturas Amarok do “Projeto Sea Watch”.

Segundo um comunicado da Polícia Marítima, “foi prontamente contactado o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios (CRAM-Q), tendo a ave marinha sido entregue aos biólogos daquele centro, a fim de lhe serem prestados os devidos cuidados para que, logo que possível, seja devolvida ao seu habitat natural”.

Neste momento, o airo “está com ​as penas danificadas e com perda moderada de peso”, segundo o CRAM.

O airo é a mais emblemática ave das Berlengas e é símbolo da Reserva Natural. A sua população nidificante em Portugal está classificada como Criticamente em Perigo de extinção; a população invernante tem estatuto de Quase ameaçada.

“As colónias de Airo no arquipélago das Berlengas (e também as colónias galegas) sofreram um declínio populacional vertiginoso na segunda metade do século XX. Em 1939 foram estimados cerca de 6000 casais na ilha da Berlenga. Em 1977 foram contadas apenas 320 aves adultas na mesma ilha, número que baixou para 70, em 1981. Nas décadas seguintes a população continuou a diminuir e em 2002 registou-se o último caso de nidificação conhecido”, segundo o Atlas das Aves Marinhas de Portugal.

Quanto aos airos invernantes, estes começam a aparecer em Portugal principalmente a partir de Novembro e aqui permanecem até ao início da Primavera, de acordo com este Atlas. Estima-se que parte destas aves venham de colónias britânicas e irlandesas.

“Esta espécie tem uma distribuição essencialmente costeira e é notoriamente mais frequente a norte do cabo Carvoeiro, sobretudo a norte do cabo Mondego, existindo no entanto registos ao longo de toda a costa continental.”

A coordenação do CRAM é baseada numa parceria entre a Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem (SPVS), o Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro e o Oceanário de Lisboa.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Descubra mais sobre esta emblemática espécie aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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