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Já é possível adoptar parcelas de bosques urbanos no Porto

06.04.2017

O FUTURO – projecto das 100.000 árvores da Área Metropolitana do Porto lançou esta semana o Programa Hectare, que permite a entidades públicas ou privadas adoptarem parcelas de bosques urbanos para ajudar a mantê-los.

 

Cerca de 81.500 árvores já foram plantadas em 200 hectares na Área Metropolitana do Porto nos últimos seis anos. O objectivo é criar corredores de floresta nativa na região. Uma das metas para 2016/2017 é a plantação de 15.000 carvalhos, sobreiros, castanheiros, medronheiros e outras espécies autóctones.

Os primeiros quatro anos depois da plantação são particularmente críticos para estes jovens bosques. Nos primeiros tempos “é preciso contar as árvores que estão vivas, substituir as que morreram, cortar a vegetação que cresceu demasiado e que deixa passar pouca luz para as pequenas árvores e ainda controlar as plantas invasoras”, explicou hoje à Wilder Marta Pinto, coordenadora da iniciativa.

É nesses primeiros anos que o Programa Hectare se concentra. A partir de agora, qualquer entidade pública ou privada do país pode adoptar uma parcela, durante quatro anos, por 950 euros por hectare/ano, e ajudar a manter as árvores nativas da Área Metropolitana do Porto.

“Desde o início do projecto que identificámos esta necessidade de termos recursos para conseguir manter as áreas”, acrescentou a responsável.

A primeira entidade a aderir ao programa foi a LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto. Esta vai investir na reabilitação de 20 hectares distribuídos pela Maia, Matosinhos, Valongo, Vila do Conde, Espinho e Gondomar, num total de 8.500 árvores. Segundo as contas do projecto FUTURO, estas árvores “oferecem à sociedade serviços ecológicos cujo valor estimativo é de 350.000 euros por ano” e “armazenarão mais de 100 hectares de carbono por ano”.

As parcelas adoptadas pela LIPOR representam 10% de toda a área de intervenção do projecto FUTURO. Ao todo são 164 parcelas, com 81.500 plantas de 42 espécies, dispersas por 17 municípios.

“Estamos à procura de mais parceiros que se identifiquem com o projecto para ajudar a fazer a manutenção da restante área”, disse Marta Pinto, lembrando em especial o caso de seis hectares em Oliveira de Azeméis que precisam de manutenção a curto prazo. “Ainda há muitos hectares para adoptar. É só preciso que nos contactem para trocarmos ideias e chegar a um acordo que faça sentido para todos”, acrescentou.

Os trabalhos de manutenção serão feitos por uma empresa profissional na área florestal, que já recebeu formação dos técnicos do projecto.

O FUTURO é promovido pelo CRE.Porto (Área Metropolitana do Porto e Universidade Católica Portuguesa). A equipa do projecto, composta por três pessoas, trabalha com municípios, associações e cidadãos voluntários para identificar e preparar terrenos, organizar acções de plantação e de manutenção, para monitorizar os resultados e para espalhar a palavra sobre a importância das espécies nativas e da floresta em geral.

Grande parte da estratégia do FUTURO passa por plantar 41 espécies autóctones de Portugal. As cinco espécies mais plantadas até agora são o carvalho-alvarinho ou carvalho-roble (22.374 árvores), o sobreiro (11.727), o medronheiro (10.747), o castanheiro (4.773) e o bordo-de-Montpellier ou zêlha (2.663). Em média, estão plantadas 449 árvores por hectare.

Actualmente, em algumas das parcelas, a regeneração natural dos habitats já se nota. “É impressionante que, por termos criado condições, há sementes de outras plantas a germinar. Há locais onde plantámos 200 árvores e hoje estão lá 600”, salientou Marta Pinto. “É preciso dar espaço à natureza para ela trabalhar. Na verdade, ela faz 95% de tudo, nós só fazemos 5%.”

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Para ajudar a fazer nascer esta floresta nativa pode inscrever-se na bolsa de voluntariado do projecto.

 

Série Wilder Cuidadores de Florestas

Inspire-se nesta série que criámos para si, para lhe mostrar os portugueses que estão a cuidar das florestas ao longo de todo o ano. Falámos com os responsáveis por alguns dos melhores projectos de prevenção de fogos e de enriquecimento de florestas e ouvimos as histórias de cidadãos que arregaçam as mangas pelas árvores. Estes são os Cuidadores de Florestas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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