O esforço dos cinco centros de reprodução do lince-ibérico para reforçar as populações deste felino em Portugal e Espanha conseguiu 48 crias na temporada reprodutora de 2016. Dez das crias estão no Centro Nacional de Reprodução do Lince-ibérico (CNRLI) em Silves.
As crias nasceram nos meses de Primavera. Agora, passado o período mais crítico – que corresponde aos primeiros 60 dias de vida – é altura de balanços. Foi o que fez o Programa de Conservação Ex-Situ do Lince-ibérico, uma das peças do puzzle conservacionista para devolver o felino aos campos da Península Ibérica.
Segundo os dados da equipa do programa, conhecidos este mês, a temporada reprodutora de 2016 formou 23 casais de linces nos cinco centros de reprodução: CNRLI (Silves), El Acebuche (Huelva), Zarza de Granadilla (Cáceres), La Olivilla (Jaén) e Zoo de Jerez (Cádiz). Este é um número inferior aos 27 de 2015, por haver “menos espaço nos centros de reprodução devido ao elevado número de exemplares albergados no programa”. Os peritos explicam que “foi preciso procurar um equilíbrio entre emparelhar o maior número possível de fêmeas reprodutoras e assegurar um bom maneio das crias que estão a ser preparadas para a reintrodução na natureza”.
Em Silves foram formados seis casais, mas duas fêmeas não ficaram gestantes. Artemisa e Foco tiveram três crias, Fruta e Jabugo tiveram quatro crias, Juromenha e Fresco, três. A única cria de Era e Fado acabou por morrer. Das 10 crias que sobreviveram, seis são fêmeas e quatro são machos.
No total da temporada reprodutora de 2016, nasceram 58 crias, tendo sobrevivido 48. Além das 10 em Silves, há 19 crias no centro de Zarza de Granadilla, nove em La Olivilla, oito em El Acebuche e duas no Zoo de Jerez.
A percentagem de sobrevivência das crias depois dos primeiros 60 dias de vida – uma vez superado o período crítico que sofrem todas as ninhadas de lince-ibérico – foi de 83%. “Todas as mortes de crias aconteceram no momento do parto ou nos primeiros dias de vida”, acrescenta o programa de conservação ex-situ.
Os responsáveis lembram que, dos casais formados, este foi o “primeiro ano reprodutor para cinco fêmeas, três das quais não ficaram gestantes, uma teve um aborto aos 43 dias de gestação e apenas uma deu à luz uma ninhada, de três crias, estando a prestar-lhes todos os cuidados”.
Até agora, duas crias nascidas em 2016 “manifestaram episódios convulsivos, subindo para 17 os animais epilépticos detectados no programa de reprodução em cativeiro desde que, em 2008, se detectaram este tipo de anomalias genéticas nos primeiros indivíduos”. Para os especialistas, “este problema é um dos principais desafios na gestão do programa de reprodução, uma vez que não é recomendável reproduzir estes indivíduos”.
A história da reprodução em cativeiro do lince-ibérico começou a 28 de Maio de 2005 quando, em El Acebuche, nasceram os primeiros linces-ibéricos: Brezo, Brisa e Brezina, filhos de Garfio e Saliega. No ano passado, a temporada reprodutora conseguiu 53 crias, de um total de 61.
Em 2009 começaram as reintroduções de linces na natureza. Desde então já foram libertados 170 animais, com a missão de reforçar populações já existentes e de criar novas. Desses 170 linces, 141 vieram dos centros de reprodução; os restantes foram animais capturados no campo.
Em Portugal, as libertações começaram a 16 de Dezembro de 2014, no Vale do Guadiana com Katmandú e Jacarandá. Em Maio, soubemos que esta fêmea deu à luz as primeiras crias de lince confirmadas na natureza nos últimos 40 anos.
De acordo com o mais recente censo sobre o lince-ibérico, estima-se que existam na natureza 404 animais desta espécie, classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.
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