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Lince-ibérico. Foto: Programa de Conservação Ex-Situ

Andaluzia recorre a unidades caninas para fazer seguimento do lince-ibérico

18.09.2024

A Andaluzia está a alterar a metodologia para fazer o seguimento do lince-ibérico e começou a utilizar no campo unidades caninas para localizar vestígios deste felino ameaçado.

“Devido à sua significativa expansão, com o crescimento das suas populações tanto numericamente como em distribuição geográfica, a Andaluzia considerou necessária uma alteração na metodologia de seguimento nos censos ao lince-ibérico”, explicou a Junta Andaluzia em comunicado na semana passada.

De acordo com o mais recente censo à espécie, conhecido em Maio passado, a Andaluzia acolhe 755 linces, o que representa 43,6% da população espanhola.

De momento, as equipas da Agencia de Medio Ambiente y Agua de Andalucía (AMAYA) estão a sair para o campo com unidades caninas para “localizar, de forma sistemática, rastos e vestígios do felino, com o objectivo de caracterizar geneticamente indivíduos e populações de lince-ibérico” na região.

Por exemplo, os cães estão a ser utilizados para detectar excrementos de lince, após o que são recolhidas amostras para análise genética, para complementar com dados genéticos a informação obtida através da foto-armadilhagem.

As unidades caninas estão ainda ser usadas para detectar linces em dispersão, confirmando a presença de animais em novas áreas onde as densidades de vestígios são muito baixas, e para detectar crias ou animais feridos ou em perigo. Entre os principais objectivos destas unidades está ainda a detecção de indícios de lince em ataques a animais domésticos.

Os cães que participam nestas unidades tiveram uma fase de treino, que consistiu em exercícios de busca e detecção e de obediência, aprendendo a identificar amostras de lince e distinguindo-as das de outros mamíferos.

Leonardo Fernandez Pena, técnico da AMAYA no projecto LynxConnect, explicou que a região da Andaluzia faz seguimento de linces há cerca de 20 anos, quando então existiam menos de 100 linces distribuídos na região de Andujar e Doñana. “Infelizmente, nessa altura era fácil calcular quantos animais existiriam no território, através de foto-armadilhagem”, explicou. A foto-armadilhagem é uma boa ferramenta porque cada lince tem padrões de manchas muito próprias que permite identificar cada indivíduo.

“Felizmente, e sobretudo no último ano, as populações cresceram muito (…) e chegámos a um ponto em que essa monitorização através de foto-armadilhagem falhava bastante”, notou. “Cada vez aparecem mais animais que não sabemos quem são.”

A iniciativa decorre no âmbito do projecto em curso LIFE LynxConnect, do qual Portugal é parceiro, e no âmbito do Plano de Recuperação do Lince na Andaluzia.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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