Abibes, tarambolas-douradas e peneireiros-cinzentos estão entre as aves invernantes que podemos procurar durante as Contagens de Aves no Natal e Ano Novo, coordenadas pela SPEA de 15 de Dezembro a 31 de Janeiro.
Todos os Invernos por esta altura do ano, os muitos observadores de aves que aproveitam o período do Natal e do Ano Novo para sair de casa têm uma tarefa importante em mãos: contar aves como abibes, tarambolas-douradas e peneireiros-cinzentos num censo chamado CANAN (Contagens de Aves no Natal e Ano Novo), que decorre sob a coordenação da SPEA desde o Inverno de 2001/02.
Esta iniciativa quer saber como estão as aves que se reproduzem no Norte da Europa e passam os meses mais frios do ano em Portugal e também as residentes que têm populações no nosso país e cujos números são reforçados com as aves que chegam de outros pontos da Europa.
As aves a procurar vão desde as garças e cegonhas, patos e gansos, aves de rapina diurnas, perdizes e codornizes, a galinhas-d’água, grous, abetardas e sisões, passando por aves limícolas e gaivotas, cortiçóis, pombos e rolas, pica-paus, picanços, estorninhos e corvídeos.
“Este censo é dirigido às espécies que ocorrem fora da época de reprodução”, explicou à Wilder Hany Alonso, técnico de gestão de dados e cartografia da SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), organização que coordena o censo. Para as outras aves, as que ocorrem cá como reprodutoras, há o Censo das Aves Comuns, por exemplo.
Qualquer pessoa pode participar nestas contagens, desde que tenha “um mínimo de experiência na identificação de aves. Mas é um censo que não é muito exigente”, acrescentou.
O censo está organizado um pouco por todo o Portugal Continental através de percursos por estradas secundárias e que podem ser feitos de carro, de bicicleta ou a pé. O objectivo é “ter uma ideia da abundância das aves”, explicou Hany Alonso.
Os resultados das contagens do ano passado já são conhecidos. Entre 15 de dezembro de 2023 e 31 de janeiro de 2024, 26 voluntários fizeram 42 percursos por todo o Continente, que variaram entre os 3 e os 33 quilómetros de extensão. Ao todo, estas pessoas contaram 17.371 aves, de 81 espécies.
As espécies mais comuns foram o abibe (Vanellus vanellus), a gaivota- d’asa-escura (Larus fuscus), o estorninho-preto (Sturnus unicolor), a cegonha-branca (Ciconia ciconia), o carraceiro (Ardea ibis), a gralha-preta (Corvus corone), a tarambola-dourada (Pluvialis apricaria), a rola-turca (Streptopelia decaocto), a ibis-preta (Plegadis falcinelus) e o charneco (Cyanopica cooki).
Segundo o censo do ano passado, “a abundância média de aves invernantes em zonas agrícolas registou uma redução comparativamente com o inverno anterior e o Índice de Aves Invernantes em Zonas Agrícolas continua abaixo do valor de referência de 2005”.
A SPEA explica que este padrão poderá ter a ver com as condições ambientais nas zonas agrícolas de Portugal e Espanha que, na generalidade, têm sido desfavoráveis para as aves nos invernos recentes.
Além disso, “as condições favoráveis para a invernada de aves nos países mais a norte, devido às elevadas temperaturas e índices de pluviosidade registados, podem também limitar os contingentes de aves que se deslocam para sul.”
A verdade é que a “degradação dos meios agrícolas em Portugal e as condições climáticas mais favoráveis no norte da Europa parecem estar a contribuir para a manutenção do indicador IAIZA em níveis abaixo do valor de referência há vários anos consecutivos”.
E como será este ano? Nos próximos dias, dezenas de pessoas vão percorrer campos e florestas para tentar perceber o que se passa com estas aves.
Para este ano, a organização disse ser muito importante conseguir aumentar o número de colaboradores e o número de percursos realizados. “Em particular é importante retomar alguns dos percursos que foram abandonados nos invernos anteriores em regiões importantes para aves invernantes, como o Alentejo e a região Centro.”