O priolo, ave cuja população mundial chegou a estar reduzida a apenas 400 indivíduos, é o protagonista de uma das histórias de maior sucesso da conservação da natureza. De 27 de junho a 1 de julho participe no IV Atlas do Priolo e ajude a saber como tem passado esta espécie endémica da ilha de São Miguel, Açores.
Em todo o mundo, só podemos encontrar priolos (Pyrrhula murina) na floresta sempre verde do nordeste da ilha de São Miguel, nos Açores. Esta é uma ave rechonchuda com 30 gramas e 16 centímetros de comprimento, com a cabeça, asas e cauda pretas.
Nos anos 1990 restavam menos de 400 priolos. Até 2010, esta espécie esteve na categoria Criticamente Em Perigo de extinção na Lista Vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (UICN).
O priolo estava a desaparecer devido à falta de alimento, causada pelo recuo da floresta Laurissilva e pela proliferação das espécies exóticas.
Há cerca de 20 anos que a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e o governo regional dos Açores trabalham para trazer esta espécie de volta, regenerando a vegetação autóctone da ilha e removendo as espécies exóticas.
E os resultados estão à vista. Em 2018 foram contabilizados 970 priolos na ilha de São Miguel, segundo as conclusões da monitorização anual, feita de 15 de Junho a 31 de Setembro desse ano pelos técnicos do projeto Life+ Terras do Priolo, coordenado pela SPEA.
Mas agora importa saber como esta espécie ameaçada tem evoluído desde então.
Para isso, a SPEA vai organizar o IV Atlas do Priolo, de 27 de Junho a 1 de Julho.
Segundo Tarso Costa, responsável pela organização do Atlas do Priolo e pelo censo anual do priolo, “a estimativa mais recente indica uma população de, aproximadamente, 1.000 priolos”. “As estimativas rondam este valor desde 2008, altura em que foi realizado o primeiro Atlas do Priolo”, acrescentou à Wilder.
Qualquer pessoa pode participar no Atlas e ajudar a contar esta ave. As inscrições para voluntários estão abertas até 15 de Abril.
Numa única manhã, os cerca de 50 voluntários percorrerão toda a área de distribuição desta espécie, na Zona de Proteção Especial Pico da Vara/Ribeira do Guilherme e área envolvente (concelhos do Nordeste e Povoação), para obter um retrato fiel e rigoroso da situação actual do priolo.
“Não é necessário ser um especialista para participar, pois os voluntários recebem formação nos três dias anteriores à contagem, com sessões teóricas e práticas sobre o priolo e a avifauna da região, a flora e habitats, bem como sobre as metodologias do Atlas”, explica a SPEA em comunicado.
A SPEA assegura o alojamento, transporte e alimentação em São Miguel durante o período do Atlas, pelo que os participantes só precisam assegurar a sua deslocação até à Ilha de São Miguel, Açores. A organização oferece ainda apoio a todos os participantes que pretendam prolongar ou antecipar a sua estadia nas Terras do Priolo.
Organizado de quatro em quatro anos pela SPEA, o Atlas do Priolo acompanha desde 2008 a evolução da população de priolos, obtendo informação fundamental para planificar as medidas necessárias para proteger esta espécie.
Apesar de ter havido um aumento do número de priolos, a conservação no terreno continua.
Neste momento “estão a decorrer intervenções para a recuperação e melhoria do habitat do priolo (floresta Laurissilva) por meio de controlo de espécies exóticas invasoras (plantas exóticas e roedores) e reflorestamento com plantas nativas num total de cerca de 100 hectares”, explicou Tarso Costa. Estas acções ocorrem no âmbito do projeto LIFE IP Azores Natura, coordenado pela Direção Regional do Ambiente.
Entretanto, a SPEA faz a recuperação do habitat do priolo desde 2003, durante o desenvolvimento dos projetos LIFE Priolo, LIFE+ Laurissilva Sustentável e LIFE+ Terras do Priolo.
Além deste trabalho, a SPEA faz todos os anos uma monitorização da espécie. “Nas monitorizações anuais um observador percorre 158 pontos de contagem ao longo de aproximadamente um mês. Em 2021 foram registados 86 priolos em 43 pontos”, explicou Tarso Costa. Este número de 86 priolos foi utilizado para a construção de um modelo matemático que resultou em uma estimativa de, aproximadamente 1.000 priolos.
“Ainda acrescento que existe uma diferença entre o número de priolos contados e a estimativa da população.
A estimativa da população é feita com o número de priolos contados e, também, com outras variáveis (como a distância das suas observações).”
A cada quatro anos é realizado o Atlas do Priolo, onde ocorre a contagem de priolos simultaneamente em 307 pontos durante uma única manhã. É aqui que a SPEA precisa da sua ajuda.
Agora é a sua vez.
Se estiver interessado em participar no Atlas do Priolo, é só inscrever-se aqui até 15 de Abril.
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