Foto: H. Zell

Cinco aves para ver na praia

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Agosto é sinónimo de calor, dias longos, bolas de Berlim, areia nos pés e banhos no mar. Mas também de “mistérios” que escapam à vista da maioria, mesmo quando acontecem na praia ou na foz da ribeira mais próxima.

 

Entre marés, enquanto alguns descansam ao sol, outros fazem descobertas nos habitats de muitas espécies. Vale, por isso, a pena estar atento e descobrir algumas das aves que podem ser observadas nas praias. Aqui ficam cinco sugestões:

 

1. Gaivota-de-patas-amarelas

Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis). Foto: Bengt Nyman/Wiki Commons

Uma das espécies mais conhecidas do público, esta gaivota nidifica ao longo da costa portuguesa e é das aves mais fáceis de detetar na praia. De tamanho médio, com dorso e asas cinzentas e bico e patas amarelas, é uma espécie oportunista, que se alimenta de peixe e de resíduos de origem humana.

O início da manhã e o final da tarde são bons momentos para observar bandos de gaivotas de diferentes idades a descansar na praia. Em 2021, a SPEA coordenou um censo nacional da espécie, contando 7.500 a 8.000 casais no Continente e Ilhas.

 

2. Gaivota-de-audouin

gaivota Larus audouinii
Gaivota-de-audouin (Larus audouinii). Foto: Adrián Pablo Rodríguez Quiroga/Wiki Commons

Mais pequena e delicada do que a gaivota-de-patas-amarelas, a gaivota-de-audouin tem olhos escuros, bico vermelho vivo (com uma risca preta junto à ponta) e patas esverdeadas. Começou a reproduzir-se em Portugal a partir dos anos 2000 e, desde que se estabeleceu na Ilha Deserta na Ria Formosa, por volta de 2008, tem vindo a aumentar a sua população.

Se estiver de férias no Algarve, poderá vê-las a descansar no areal, perto das áreas de alimentação no mar, que visitam normalmente à noite. Esta é uma espécie classificada como Vulnerável, o que significa que corre risco de extinção na natureza.

 

3. Chilreta

Chilreta ou andorinha-do-mar-anã (Sternula albifrons), no Algarve. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

Também conhecida como andorinha-do-mar-anã, esta é uma ave de tamanho pequeno mas que não passa despercebida, graças às vocalizações estridentes. De cor branca e bico fino e pontiagudo, consegue, com as suas asas longas e estreitas, realizar voos rápidos que culminam em mergulhos certeiros para apanhar as suas presas – pequenos peixes, como o peixe-rei.

Distingue-se das outras andorinhas do mar pela dimensão reduzida e pelo bico amarelo com ponta preta. A chilreta reproduz-se em Portugal, estando o mais importante núcleo da espécie na Ria Formosa, sendo que também pode ser vista na Ria de Aveiro e na Lagoa de Santo André.

 

4. Borrelho-de-coleira-interrompida

Borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus). Foto: Zeynel Cebeci/Wiki Commons

Tal como a chilreta, o borrelho-de-coleira-interrompida reproduz-se na praia. Na maior parte das vezes, o ninho não passa de uma pequena depressão com ovos e crias camuflados na areia. Estão, por isso, mais expostos à perturbação humana. Se avistar uma destas aves enquanto passeia na praia afaste-se com cuidado, pois é provável que exista um ninho ou crias por perto. Evite também soltar o seu cão perto do cordão dunar.

Para distinguir esta espécie de outros borrelhos, bastará reparar nas patas pretas e na coleira incompleta no pescoço. É também fácil distinguir o macho da fêmea, uma vez que este possui uma risca preta na testa e um barrete acastanhado. Algumas das praias onde podem ser vistos com facilidade encontram-se na Ria de Aveiro e na Ria Formosa.

 

5. Rola-do-mar

Rola-do-mar (Arenaria interprens). Foto: H. Zell

Esta é uma espécie que se reproduz mais a norte, na tundra do Ártico, e que aparece ao longo da nossa costa durante o período não reprodutor. É observável em agosto, mas é no outono que é mais fácil de encontrar em praias rochosas, a revirar pedras com o bico laranja enquanto procura alimento.

É uma ave pequena de aspeto rechonchudo, com patas curtas e alaranjadas, peito branco com babete preto e dorso acastanhado. Pode ser avistada nas praias da Costa do Estoril e na praia da Carrapateira, perto de Sagres.

 


Agora é a sua vez.

Das poças de maré às zonas rochosas, passando pelas dunas, as praias acolhem uma biodiversidade incrível e está nas mãos de todos manter esses ecossistemas seguros. Sempre que for à praia, desfrute da riqueza do espaço e assuma comportamentos amigos do ambiente: deposite o lixo nos caixotes para o efeito, faça o acesso à praia pelos passadiços e salvaguarde ninhos e crias de aves, mantendo o cão pela trela.

E recorde-se de que, além de observar as aves na praia, pode ainda explorar os vestígios que deixam nos areais. A observação das pegadas, com tamanhos e formas diferentes, vai ajudar a identificar os visitantes alados e garantir horas adicionais de diversão.

 


Conte as Aves que Contam Consigo

A série Conte as Aves que Contam Consigo insere-se no projeto “Ciência Cidadã – envolver voluntários na monitorização das populações de aves”, dinamizado pela SPEA em parceria com a Wilder – Rewilding your days e o Norwegian Institute for Nature Research (NINA) e financiado pelo Programa Cidadãos Ativos/Active Citizens Fund (EEAGrants), um fundo constituído por recursos públicos da Islândia, Liechtenstein e Noruega e gerido em Portugal pela Fundação Calouste Gulbenkian, em consórcio com a Fundação Bissaya Barreto.

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