O leitor Paulo Costa deparou-se esta Primavera com o lago que tinha construído cheio de lagostins-vermelhos e pediu ajuda sobre medidas a tomar. Rui Rebelo responde.
“Seguindo a vossa sugestão, construí no Baixo Alentejo um lago, que ao longo dos últimos anos tem servido de refúgio a vários anfíbios, cágados, fonte de água para as aves, etc”, explica Paulo Costa numa mensagem enviada à Wilder.
No entanto, esta Primavera, Paulo Costa estranhou “não ver as rãs” e descobriu que o lago ficou “cheio de lagostins-vermelhos”. Devido à presença desta espécie invasora, toda a outra fauna que ali se observava simplesmente desapareceu.
“Sendo impossível apanhar um a um, não sendo as armadilhas a solução, pois só captam os adultos, existe alguma solução para os eliminar? Algum produto que coloque na água?”, questiona o leitor, que está curioso também quanto à forma como estes invasores terão ido ali parar. Isto porque “o rio está a três quilómetros do lago”.
Rui Rebelo, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, explica que “infelizmente este lagostim consegue sair da água e atravessar terra seca”, o que normalmente “acontece nas noites húmidas e chuvosas do Outono mas também pode acontecer na Primavera”.
Ainda assim, este investigador acredita que três quilómetros é uma distância demasiado grande para estes crustáceos a percorrerem sozinhos, pelo que “é também de suspeitar que possam ter sido introduzidos por pessoas”.
Quanto à solução possível, “uma vez estabelecidos, a única maneira realista de os eliminar é drenar os lagos e deixar que o leito seque totalmente”. De seguida, Paulo Costa terá de “removê-lo com um trator, de modo a destruir as tocas onde eles podem aguentar alguns meses à espera da chuva”.
No que respeita a produtos possíveis para serem aplicados, não existe actualmente nenhum produto que garanta a eliminação desta espécie invasora – “quando este é colocado na água, eles podem refugiar-se nas tocas e algumas não estão em contacto com a água”, indica este especialista.
“Não há mesmo resposta fácil”, lamenta Rui Rebelo. “Esta espécie é um invasor terrível, muito difícil de controlar.”