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Gineta (Genetta genetta). Foto: Ardeidas/Wikimedia Commons

Há em Portugal ginetas vítimas de melanismo?

14.12.2023

O leitor António Fernandes perguntou à Wilder se existem ginetas vítimas de melanismo em outros pontos de Portugal, depois de as ter visto na Serra da Arrábida. O investigador do BIOPOLIS-CIBIO Francisco Álvares responde.

“Tenho conhecimento há mais de 30 anos de existirem aqui na zona da Serra da Arrábida. Já vi mortos e vivos e sei de várias pessoas que também já os viram completamente negros. Há anos atrás tentei saber através de dois Fóruns abrindo um tópico e constatei que as respostas não eram favoráveis. Foi como se eu tivesse visto algo sobrenatural!!! Pensei que só deveriam existir aqui nesta zona até que lá apareceu um conhecido que viu e fotografou um na Herdade da Apostiça. Resumindo: Gostaria de saber se é provável existirem também noutros pontos do nosso país”, escreveu o leitor à Wilder.

Aqui está a resposta de Francisco Álvares:

A gineta (Genetta genetta), tal como vários outros carnívoros, pode apresentar melanismo, onde a pelagem dos indivíduos é completamente negra, apesar das rosetas do padrão normal poderem ser perceptíveis com luz.

A ocorrência de ginetas melânicas tem sido detetada em vários pontos da sua área de distribuição ibérica, incluindo de norte a sul de Portugal, apesar de ser pouco frequente.

O melanismo é resultado de uma mutação genética recessiva, o que significa que para o indivíduo ser melânico é necessário que ambos os progenitores apresentem essa mutação nos seus cromossomas e que o indivíduo fique com essa mutação nas duas réplicas dos seus cromossomas (i.e. ser Homozigótico). Sendo assim, o melanismo é geralmente um evento com expressividade muito rara mas que em algumas populações, principalmente se relativamente isoladas (como a serra da Arrábida), a sua frequência pode ser superior, devido a uma maior probabilidade de cruzamentos entre indivíduos que tenham essa mutação genética.

Os individuos melânicos são animais perfeitamente saudáveis e normais em termos de comportamento, e apesar de serem visualmente mais perceptíveis não existem evidências que isso afete a sua sobrevivência.


 Agora é a sua vez.

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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