Foto: Fernanda Botelho

Fernanda Botelho: Sete “ervas daninhas” que são um exemplo de apego à vida

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Inspirada na nova agenda que lançou para este ano, a especialista em plantas espontâneas e medicinais indicou à Wilder algumas das espécies que tanto preza.

Fique a conhecer algumas “plantas daninhas”, que na verdade são parte da biodiversidade e uma metáfora da importância da resiliência, escolhidas entre as 53 espécies descritas na agenda de 2023 dedicada às plantas resistentes, de Fernanda Botelho:

1. Acelga-brava (Beta maritima)

Foto: Fernanda Botelho

Esta planta muito comum ao longo do litoral português, como explica Fernanda Botelho, pode ser encontrada principalmente em terrenos abandonados e em frestas de casas velhas. Procure-a também com atenção entre as pedras da calçada, quando der um passeio em meio urbano.

2. Beldroega (Portulaca oleracea)

Foto: Fernanda Botelho

Como recorda Fernanda Botelho na sua agenda, a beldroega “é muito apreciada por cozinheiros e chefs“. Quem nunca ouviu falar da famosa sopa de beldroegas, um prato característico do Alentejo? As folhas “tenras e suculentas” podem comer-se cruas ou cozinhadas. Ainda assim, esta planta rica em nutrientes é “mal-amada”, muitas vezes, por quem cuida de uma horta.

3. Bolsa-de-pastor (Capsella bursa-pastoris)

Foto: Fernanda Botelho

“As folhas, as flores e as cápsulas das sementes em forma de coração podem usar-se na culinária”, explica a autora, sobre esta planta muito comum. Com efeito, basta um olhar mais atento para começarmos a distinguir rapidamente o formato característico das pequenas cápsulas de sementes desta espécie, a quem muitos chamam daninha.

4. Capuchinha (Tropaleum majus)

Foto: Fernanda Botelho

Esta planta considerada invasora, originária do Perú, tem grandes quantidades de vitamina C e betacarotenos. Descreve Fernanda Botelho: “Na culinária usa-se a folha em patés ou em wraps, a flor, o fruto e sementes em picles ou secas e moídas como condimento picante.”

5. Dedaleira (Digitalis purpurea)

Foto: Fernanda Botelho

Esta é uma planta tóxica que é muitas vezes confundida com o verbasco, em especial quando apresenta apenas as folhas, alerta Fernanda Botelho. As bonitas flores cor-de-rosa desta planta de “são muito apreciadas pelas abelhas”.

6. Dente-de-leão (Taraxacum sp.)

Dente-de-leão. Foto: Fernanda Botelho

Quem nunca viu um dente-de-leão? Esta planta de flores amarelas, muito comum, é “muitas vezes confundida com a serralha”, mas ao contrário da dedaleira, ambas são comestíveis. No caso do dente-de-leão, que “protege o fígado e melhora o funcionamento do intestino” – nota Fernanda Botelho – todas as partes da planta podem servir de alimento.

7. Urtiga (Urtica sp.)

Foto: Fernanda Botelho

Habitante indesejada de muitas hortas, perseguida e mal-vista, a urtiga é na verdade “um super alimento para nutrir pessoas, animais e outras plantas”, explica a autora, na agenda para este ano. Além do mais, os hortelãos podem até produzir um “churume” a partir das urtigas, ou seja, um fertilizante, que melhora a saúde das restantes plantas e serve de defesa contra fungos e pragas, sublinha.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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