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“Dar nome à traça”: as cinco espécies de Maio

Conte-nos que nome comum gostaria de dar a estas cinco espécies de borboletas que apenas têm nome científico. Submeta as suas propostas neste formulário e junte-se à iniciativa “Dar nome à traça” da associação Rede de Estações de Borboletas Noturnas, em parceria com a Wilder. As borboletas de Abril receberam cerca de 30 sugestões.

Antes de lhe apresentarmos as cinco espécies à procura de nome em Maio, aqui ficam os nomes selecionados do desafio de Março:

  • flavicórnia-dos-vidoeiros para Achlya flavicornis
  • apara-de-lápis para Camptogramma bilineata
  • pérola-de-celádon para Campaea margaritaria
  • arqueira-do-Minho para Arctornis l-nigrum
  • pistácia para Ophiusa tirhaca

As propostas para o desafio de Abril ainda estão a ser selecionadas. 

Minucia lunaris (Denis & Schiffermüller, 1775)

Minucia lunaris. Foto: Ana Valadares


A Minucia lunaris é uma traça da família Erebidae. Distribui-se desde o Norte de África e sul da Europa até à Escandinávia e Ásia Menor. Em Portugal pode ser vista de norte a sul do país. O seu restritivo específico lunaris refere-se às marcas em forma de lua nas suas asas, sendo o seu nome comum em inglês, “lunar double-stripe” relacionado com essa característica. É uma espécie típica de carvalhais, embora apareça também em zonas dominadas por matagais mediterrânicos. As lagartas alimentam-se durante a noite dos rebentos de carvalhos (Quercus spp.) entre julho e agosto. Durante os meses mais frios hibernam na forma de pupa. A partir de março, ou mais tarde no norte do país, emergem as traças adultas, com uma envergadura entre 46 e 60 mm e que podem ser vistas a voar até junho. As asas anteriores são geralmente cinzentas-claras e levemente pontilhadas com escamas escuras. As principais linhas transversais são amareladas e menos sinuosas do que a linha mais perto da margem com um tom mais escuro.

Asthena albulata (Hufnagel, 1767)

Asthena albulata. Foto: Paolo Mazzei

A Asthena albulata é uma traça pequena e delicada com coloração esbranquiçada – origem do seu restritivo específico albulata (14 a 18 mm de envergadura). Tem diversas linhas finas castanhas onduladas ao longo das suas asas, com um seguimento de pontos pretos ao longo das margens. O seu nome comum em inglês, “small white wave”, associa-se diretamente à sua aparência e às linhas onduladas que possui, enquanto o nome comum francês, “phalène candide”, traduz-se para mariposa cândida, o que remete para o seu aspeto simples. É uma espécie da família Geometridae, conhecida da Europa e da Ásia, tendo presença confirmada em Portugal nas regiões litorais do norte e centro. É uma borboleta que prefere habitats florestais, nomeadamente bosques de árvores folhosas, sendo as suas larvas polífagas, alimentando-se de bétulas (Betula spp.), aveleiras (Coryllus avellana), faias (Fagus sylvatica), entre outras árvores. Voa entre meio de maio a julho.

Callistege mi (Clerck, 1759)

Callistege mi. Foto: Agostinho Fernandes

A borboleta Callistege mi (ou Euclidia mi) pertence à família Erebidae e encontra-se distribuída desde a Ásia temperada até à Península Ibérica. Em Portugal pode ser vista no interior norte, onde voa nos meses de maio a julho. É uma das “borboletas noturnas” que tem atividade essencialmente diurna. Habita prados e lameiros, onde as suas lagartas se alimentam sobretudo de fabáceas como trevos (Trifolium spp.), trevinas (Lotus spp.), ervilhacas (Vicia spp.) ou esparcetas (Onobrychis spp.), mas também de gramíneas. O seu nome em latim mi refere-se à letra grega µ, que aparece, com alguma imaginação, a marcar as asas anteriores. Em inglês o nome “Old Mother Sphipton” advém de uma famosa bruxa de Yorkshire do século XVI, pois dizem que as marcas nas asas lembram o rosto da mesma. Os adultos têm cerca de três centímetros de envergadura. O padrão da espécie é inconfundível. As asas posteriores são castanhas com manchas amareladas ou brancas dispostas em arcos. O reverso das asas é amarelo.

Drasteria cailino (Lefèbvre, 1827)

Drasteria cailino. Foto: João Nunes

A Drasteria cailino é uma traça da família Erebidae. Pode ser vista desde a zona oeste dos Himalaias até ao Médio Oriente e sul da Europa. Em Portugal pode ser encontrada praticamente por todo o país, à exceção do litoral norte. O seu nome em latim cailino é considerado um anagrama do nome a quem foi dedicada a espécie. Gosta de habitats rochosos, secos e quentes como encostas rochosas de vales encaixados. Depende da existência de cursos de água pois as lagartas alimentam-se de salgueiros (Salix spp.). A cabeça e tórax são bege claro. As asas anteriores apresentam uma área basal cinza, seguida de uma larga faixa discal bege, ligeiramente mais escura na parte posterior. A zona seguinte apresenta na margem exterior uma mancha clara em forma de folha de videira em fundo escuro. Os adultos apresentam uma envergadura em volta dos quatros centímetros. É frequente repousarem no chão no meio das rochas e pedras. A fase adulta pode ser observada de março a setembro.

Anticlea derivata (Denis & Schiffermüller, 1775)

Anticlea derivata. Foto: Teresa Farino

Esta é uma espécie pertencente à família Geometridae que ocorre no norte de África, na Europa e na região ocidental da China, encontrando-se em Portugal aparentemente restrita a Trás-os-Montes e ao extremo sul – Baixo Alentejo e Algarve. A origem do nome do seu género remonta à mitologia grega, em particular a Anticleia, rainha de Ítaca e mãe de Ulisses, tendo esta personagem servido a deusa Artemis – deusa da caça. Esta traça apresenta tons lilases pouco frequentes entre as nossas borboletas, com linhas vincadas que formam uma simetria no padrão das asas, como que um reflexo de espelho, sendo a margem destas algo axadrezada, alternando entre riscas brancas e castanhas-claro. Possui uma envergadura pouco superior a três centímetros. É observada a voar entre abril e maio, sendo uma borboleta que surge cedo na estação primaveril, habitando zonas secas ricas em arbustos, orlas de
florestas e sebes. É uma espécie pouco comum de ser observada em zonas urbanas. Uma característica desta espécie é as suas lagartas alimentarem-se exclusivamente das folhas e flores de rosas (Rosa spp.).


Descubra mais sobre a iniciativa “Dar nome à traça” .

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