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Vaca-loura. Foto: João Gonçalo Soutinho

Como criar refúgios para os escaravelhos

07.02.2017

A vaca-loura (Lucanus cervus), espécie que começou a ser monitorizada em Portugal em 2016, é o maior escaravelho da Europa e está em declínio. João Gonçalo Soutinho, coordenador do censo da espécie, sugere o que podemos fazer para ajudar este animal.

 

A vaca-loura faz parte de um grupo de invertebrados que depende da madeira morta de árvores nativas para sobreviver. São os chamados Saproxílicos. Estima-se que representem cerca de 30% das espécies que encontramos nas florestas.

Estes escaravelhos passam a maior parte da vida na forma de lagarta dentro de madeira morta de árvores grandes.

A equipa responsável pela Rede Portuguesa de Monitorização da Vaca-Loura, em parceria com a associação BioLiving, tem feito “plantações para aumentar a área potencial de carvalhais e florestas mistas no nosso país”, disse à Wilder João Gonçalo Soutinho, coordenador da rede. O grande objectivo é que “no futuro haja mais habitat para a vaca-loura e outras espécies, quer de invertebrados, quer de vertebrados”.

Cada cidadão tem um papel na conservação destas espécies, além da participação nos censos para conhecer a sua área de distribuição.

João Gonçalo Soutinho sugere que crie habitats para estes escaravelhos. Deixe que a madeira se decomponha de forma natural no seu quintal ou terreno. Assim estará a diminuir os problemas de segurança destes locais e a criar habitats para estas espécies. A equipa da Rede Portuguesa de Monitorização da Vaca-Loura prevê realizar este ano workshops em diversos pontos do país para a construção de abrigos para estas espécies.

Na verdade, acrescentou o responsável, a “madeira morta não é só importante para estes animais”, como também aumenta a quantidade de matéria orgânica nos solos. “A sua decomposição permite o completar do ciclo natural das plantas, onde todos os minerais que a árvore que morreu foi acumulando durante a vida, voltam à terra”. Solos mais ricos ajudam a melhorar o crescimento das novas gerações de plantas.

Além disso, “a madeira morta é muito importante na fixação de carbono atmosférico ou na retenção de humidade nos solos.”

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça aqui os resultados do primeiro censo à vaca-loura e saiba quais os melhores locais e as melhores épocas do ano para observar esta espécie.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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