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Biospots da Lagoa de Mira. Foto: Rui Félix/Rede de Estações da Biodiversidade

Cinco perguntas aos responsáveis pelas Estações da Biodiversidade

15.06.2016

Patrícia Garcia-Pereira, do Centro para a Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (Ce3C) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e Albano Soares, do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, explicaram à Wilder o que podem os cidadãos fazer nas Estações da Biodiversidade.

 

Actualmente há quase 40 Estações de Biodiversidade de Norte a Sul do país. Neste esforço para conhecer melhor a fauna e a flora portuguesas, há locais com mais trabalho feito do que outros. A Wilder esteve a estudar as listas de espécies observadas nas estações já em funcionamento e registadas no Biodiversity4all. Estas são as 12 estações com os maiores números de espécies observadas:

Noudar (Alentejo): 356

Montejunto (Centro): 287

Polje de Minde (Centro): 225

Ribeira de Quarteira (Algarve): 220

Mata da Margaraça (Centro): 186

Herdade da Ribeira Abaixo (Alentejo): 178

Monte Barata (Centro): 153

Dornes (Centro): 140

Pico Alto (Algarve): 139

Vale Gonçalinho (Alentejo): 135

Barranco Velho (Algarve): 124

Ribeira de Alportel (Algarve): 113

 

O cidadão tem um papel crucial nestas listas de espécies, segundo os responsáveis pela Rede.

 

Wilder: Porque é que as estações de biodiversidade precisam dos cidadãos?

Patrícia Garcia-Pereira e Albano Soares: As pessoas podem ajudar a inventariar um enorme numero de espécies. As estações contam com o visitante para continuarem e ser dinâmicas. A ideia é desafiar o maior numero possível de pessoas que gostam de passear ao ar livre a tirarem fotografias à flora e à fauna que vão encontrando. Algumas dessas espécies já estarão nos painéis mas outras não. E a verdade é que estão sempre a aparecer espécies novas nas Estações, desde a borboleta-branca ao besouro pequeno na flor, passando pela flor vermelha, tudo são dados interessantes.

 

W: Então podemos enviar registos de todas as espécies, mesmo das mais comuns?

PGP e AS: Todas as espécies são interessantes, especialmente as comuns. A lógica é contribuir para a sua monitorização para percebermos efeitos de alterações nos ecossistemas a longo prazo.

 

W: Que dados são necessários enviar?

PGP e AS: Quando as observações são registadas na plataforma Biodiversity4all é necessário colocar a data e o número de indivíduos observados. Também é possível adicionar mais dados biológicos, ecológicos ou comportamentais.

 

W: É preciso ter formação especial?

PGP e AS: A maravilha da História Natural é que qualquer pessoa pode aprender e contribuir. Não é preciso formação técnica específica. É só gostar e ter paciência. Ensinar a identificar as espécies é o ponto de viragem para o cidadão. Não vai às Estações de Biodiversidade apenas para passear, vai para actuar.

 

W: Qual é a importância da monitorização feita pelos cidadãos?

PGP e AS: Depois de validada por cientistas, a informação colocada no Biodiversity4all passa a fazer parte de uma base de dados científica, acessível a nível nacional e internacional. Por exemplo, um cientista na Austrália a estudar os escaravelhos da Europa pode ir buscar os dados que eu recolhi na estação da Praia da Amoreira. Estes dados primários fundamentais são a base de qualquer estudo científico, desde ecológicos a biológicos ou de conservação da natureza. São a forma que temos para monitorizar o ambiente e analisar futuras alterações. Seria impossível para os investigadores fazerem isto sem a ajuda dos cidadãos.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Aqui fica a lista das Estações da Biodiversidade e as espécies observadas em cada uma. Agora só falta adicionar os seus registos.

Leia o artigo da Wilder para conhecer melhor o projecto da Rede das Estações da Biodiversidade e descubra as novidades para os próximos tempos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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