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Periquito-de-colar (Psittacula krameri). Foto: Dick Daniels/Wiki Commons

A SPEA quer a sua ajuda para contar periquitos-de-colar

30.10.2020

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) está a tentar localizar os dormitórios destas ave exótica de penas verdes e chamamento estridente, para realizar um censo em 2021.

“Precisamos de uma ‘fotografia’ da situação actual desta espécie em Portugal. Muitos dormitórios já os conhecemos, mas outros ainda estão por descobrir”, disse à Wilder Hany Alonso, ligado ao Departamento de Conservação Terrestre da SPEA.

Esta organização não governamental, parceira da Birdlife International, está a preparar um censo destas aves exóticas para 2021, mas para facilitar essas contagens vai precisar de saber onde ficam os seus locais de repouso.

“Os periquitos-de-colar tendem a juntar-se todos em grandes dormitórios, são muito gregários”, explicou Hany Alonso. Como durante o dia estes periquitos costumam dispersar em grupos mais pequenos, a altura ideal para serem estudados é precisamente quando estão a repousar.

Para ajudar a saber onde estão os dormitórios da espécie, se já souber da existência de um destes pode informar a SPEA. “Ou mesmo que as pessoas não saibam, no final da tarde podem dar um pequeno passeio num espaço verde ao pé de casa e verem se há evidências de periquitos.” A altura ideal será uma hora antes do pôr do sol, pelas 16h30, pois “em muitos sítios os periquitos tendem a não retornar antes.”

Foto: Dick Daniels/Wiki Commons

Nessa altura, talvez seja possível perceber se as aves se estão a alimentar – e do quê – e se estão em repouso. Depois, é possível registar esses dados num formulário online.

Mocho-de-orelhas e morcego-arborícola-gigante

Mas porquê esta monitorização? Se as populações crescerem em demasia, os periquitos-de-colar podem “vir a afectar espécies nativas ao competir por alimento ou locais de nidificação.”

Um estudo científico realizado com o mocho-de-orelhas, em Itália, demonstrou por exemplo que os periquitos “afectam a ocupação de ninhos por aquela espécie, uma vez que ocupam os buracos nas árvores mais cedo”. Efeitos negativos semelhantes parecem acontecer com o maior morcego da Europa, o morcego-arborícola-gigante, segundo outro estudo realizado em Espanha.

Em Portugal, o maior dormitório conhecido desta espécie em 2015, na zona do Campo Grande, em Lisboa, juntava cerca de 650 destas aves exóticas nativas da África Subsariana e da Índia. Foi aliás na Grande Lisboa que surgiram os primeiros registos da presença destes periquitos em liberdade, no final dos anos 1970, provavelmente fugidos de gaiolas.

Hoje, sabe-se que já há periquitos-de-colar noutras localidades. Concelhos onde é possível encontrar estas aves? “Amadora, Cascais, Lisboa, Loures, Oeiras e Sintra, Coimbra, Caldas da Rainha, Maia, Matosinhos, Porto, Vila Nova de Gaia, Almada, Caparica, Montijo, Seixal, Sesimbra e Setúbal, Faro e Portimão”, indica a SPEA. Mas também Povoação e Ponta Delgada, nos Açores, e a cidade do Funchal (Madeira).

É claro que poderá haver aves destas noutros locais, pelo que “se souber que esta espécie ocorre noutro concelho, submeta as suas observações”, apela a ONG portuguesa.

Este novo desafio foi lançado no âmbito da 1ª Semana Nacional sobre Espécies Invasoras, a 15 de Outubro, e vai decorrer até 15 de Novembro.


Saiba mais.

Quer saber como é o periquito-de-colar? Segundo a SPEA:

  • são aves ruidosas e gregárias
  • têm uma coloração geral verde, com uma longa cauda pontiaguda (com as penas centrais verde azuladas)  e bico vermelho
  • os machos possuem um colar preto e rosa característico.

Pode ver mais informações no portal Aves de Portugal.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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