A nova série “À Conversa com um Ecólogo” é uma parceria Wilder e Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO), que nos dá a conhecer diferentes ecólogos portugueses. A segunda conversa é com Mário Santos, que trabalha na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Mário Santos, 50 anos, é professor de Ecologia e Ambiente na UTAD e investigador no CITAB – Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas. Assista ao testemunho que este docente universitário gravou em vídeo. Em alternativa, leia a entrevista.
Quem é e o que faz como ecólogo?
Mário Santos: Chamo-me Mário Santos e sou professor de Ecologia e Ambiente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A minha investigação tem-se focado em técnicas de monitorização e modelação dinâmica e espácio-dinâmica, com o intuito de compreender o funcionamento de comunidades e ecossistemas associados à região mediterrânica e neotrópicos. Adicionalmente, com o grupo de investigação em que estou integrado (CITAB), tentamos estimar potenciais impactes sobre a biodiversidade de infraestruturas de produção de energia, espécies invasoras e alterações na gestão da paisagem.
Como começou a sua ligação à ecologia?
Mário Santos: Desde muito pequeno que tenho uma enorme curiosidade pela diversidade de espécies e pelas suas relações intra e interespecíficas. Participei em várias atividades de monitorização de avifauna e habitats enquanto adolescente. Comecei talvez mais a sério durante o estágio curricular de final da minha licenciatura em Engenharia Agrícola, onde tive a oportunidade de trabalhar em monitorização de flora e vegetação, associado à determinação das áreas da RedeNatura2000 para a Beira Alta.
Qual é a melhor parte do seu trabalho?
Mário Santos: São muitas as partes que considero interessantes, como aquelas associadas aos trabalhos de campo ou a parte criativa de resolução de desafios levantados na construção dos modelos ecológicos. Outras, como a apresentação de propostas aplicadas envolvendo o meio não académico, para compatibilizar ações humanas e a conservação da natureza ou partilha do conhecimento e discussões com alunos, estagiários, mestrandos e doutorandos, são também muito enriquecedoras.
Porque é a ecologia importante?
Mário Santos: A ecologia é uma das ciências fundamentais para a compreensão do mundo que nos rodeia, suportando desta forma soluções assertivas para a resolução de muitos dos problemas sociais, económicos e ambientais que nos afligem. Na minha opinião, a gestão ambiental das organizações deverá ser efetuada com base em princípios socio-ecológicos, isto é, uma gestão que considera as pessoas, a energia, os recursos e os resíduos, numa perspetiva que cruza a biodiversidade, os serviços ecossistémicos, a diminuição da pegada ambiental e a coesão social.
O que gostaria de fazer mas ainda não fez?
Mário Santos: São muitas as áreas dentro da ecologia que considero fascinantes e em que gostaria de aprofundar o meu conhecimento. Atualmente, tenho muito interesse na investigação em torno da resiliência dos ecossistemas naturais, mas também acerca do contributo dos ecossistemas moldados pelo homem para a conservação da biodiversidade. Gostaria ainda, como cientista, de participar mais ativamente, juntamente com agentes locais (agricultores, pastores entre outros), na conservação/adaptação dos sistemas tradicionais agro-silvo-pastoris às alterações ambientais, pois considero estes sistemas fundamentais para o nosso futuro comum.
A série “À Conversa com um Ecológo” é uma parceria entre a revista Wilder e a Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO). Serão vários os investigadores portugueses, de todas as idades, que vão estar aqui a explicar o que fazem e o que é a Ecologia. Para celebrar o Dia da Ecologia, que se comemora em Setembro.