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Mais de 100 voluntários retiraram mais de 10.000 peixes exóticos da Ribeira do Vascão

28.10.2015

Mais de uma centena de voluntários removeram no último Verão mais de 10.000 exemplares de espécimes de peixes exóticos na Ribeira do Vascão, no Alentejo, anunciou hoje a Liga para a Protecção da Natureza (LPN).

 

Em causa está o projecto LIFE Saramugo (Julho de 2014 a Janeiro de 2018), coordenado por esta associação, que envolve várias medidas de conservação do saramugo (Anaecypris hispanica) do seu habitat. O saramugo é o peixe de água doce mais ameaçado em Portugal e também o mais pequeno, com apena sete centímetros de comprimento.

Durante dois meses e meio, entre Julho e Setembro, a equipa da LPN ligada ao projecto deslocou-se à Ribeira do Vascão três dias por semana, para realizar a remoção das espécies exóticas. Esta ribeira “é uma das mais bem preservadas do Sul do País e um dos últimos refúgios do saramugo”, nota a associação.

Ao mesmo tempo, decorreu uma campanha de voluntariado lançada a nível nacional, “à qual aderiram mais de uma centena de voluntários vindos de vários pontos do país”, adianta a LPN. A estes juntaram-se ainda duas instituições de apoio a jovens em risco, sediadas em Castro Verde.

Recorrendo a redes de arrasto, os técnicos e os voluntários realizaram um total de 97 acções de remoção, que somaram mais de 10.000 exemplares removidos, entre os quais percas-sol (Lepomis gibbosus), chanchitos (Cichlasoma facetum) e achigãs (Micropterus salmoides).

Os voluntários tiveram ainda contacto com outras espécies de peixes nativas além do saramugo, como a boga-do-guadiana (Chondrostoma willkommii), a cumba  (Barbos comizo), o barbo-de-cabeça-pequena (Barbos microcephalus) e o escalo (Squalius pyrenaicus).

A LPN pretende voltar a lançar a mesma iniciativa no próximo ano.

A introdução de espécies exóticas de peixes no Alentejo, no âmbito da pesca desportiva, pode ser também um dos factores que estão a provocar a deslocação de várias espécies de garças mais para Norte, refere um relatório recentemente divulgado.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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