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Cágado-de-carapaça-estriada. Foto: Pedro Alves/Palombar

Projeto luso-espanhol dedica-se à conservação do cágado-de-carapaça-estriada

08.07.2025

Em Julho, arrancam as ações para o mapeamento regional desta espécie nativa ameaçada de extinção. Em Portugal, a área de intervenção do projeto é o planalto mirandês, através da associação Palombar.

O novo projeto Water Bridges – Conservação do cágado-de-carapaça-estriada é um projeto ibérico de educação ambiental destinado à conservação de um dos répteis mais ameaçados do Europa, que está classificado como Em Perigo de extinção a nível nacional.

“O cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) é nativo da Península Ibérica e muito vulnerável às alterações climáticas, e as suas populações estão em regressão acentuada”, descreve a ONG Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, parceira deste projeto coordenado pelo GREFA – Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat, de Espanha. Este cágado é também uma das duas únicas espécies nativas deste grupo de répteis conhecidas em Portugal.

Imagens de pormenor do cágado-de-carapaça-estriada, uma das duas espécies nativas deste grupo em Portugal. Foto: Pedro Alves/Palombar

Financiado pelo programa Erasmus+ da União Europeia, o projeto quer contribuir para a criação de um mapeamento regional do cágado-de-carapaça-estriada, cujos dados de distribuição e ocorrência são hoje escassos e desatualizados, e assegurar o seguimento e a monitorização das populações desta espécie nas áreas prioritárias onde este réptil habita, acompanhando a sua evolução ao longo do tempo.

Previstas estão também atividades e métodos de aprendizagem presenciais e digitais que promovam o conhecimento e a recuperação da espécie, bem como a caracterização e melhoria dos seus habitats (rios, ribeiras, charcos e outras zonas húmidas) e da biodiversidade que albergam, explica a Palombar. “Serão dinamizadas ações formativas, participativas e colaborativas para mitigar os problemas ambientais e ecológicos que afetam a espécie, entre os quais se destacam a destruição e fragmentação de habitats aquáticos, as alterações climáticas, a captura ilegal, a poluição e degradação da qualidade da água, a redução da conectividade entre populações e a presença de espécies exóticas invasoras”, detalha esta associação.

O Water Bridges arrancou em 2025 e tem a duração de 18 meses. A área de intervenção do projeto em Portugal é o planalto mirandês, na região de Trás os Montes, onde a Palombar ficou responsável por desenvolver ações de conservação diretas e de educação e sensibilização ambiental na comunidade e no meio escolar, de Ciência Cidadã e formação de voluntários.

Durante o mês de julho, têm início as ações de caracterização dos habitats e amonitorização das populações do cágado-de-carapaça-estriada, através de métodos de captura‑marcação‑recaptura, que pretendem envolver de forma ativa os voluntários do projeto integrados no coletivo “Guardiões dos Cágados”.

Cágado-de-carapaça-estriada. Foto: Pedro Alves/Palombar

Estão ainda previstas ações de melhoria de habitat em pontos prioritários, também com o apoio dos voluntários.  Ao mesmo tempo, vão ser criados materiais pedagógicos e haverá saídas de campo destinadas à sensibilização de crianças, adolescentes, jovens NEET – que não se encontram a trabalhar, a estudar ou em formação – e também idosos, reforçando a inclusão e o envolvimento comunitário na conservação desta espécie ameaçada.

“A conservação de cágado-de-carapaça-estriada depende fundamentalmente da preservação e restauro dos seus habitats, nomeadamente manchas de água doce, preferencialmente com boa qualidade da água e com abundante cobertura vegetal”, sublinha ainda a Palombar. “Esta espécie é também muito vulnerável às alterações climáticas, pelo que mitigar o seu impacto é essencial, bem como aumentar o conhecimento e a sensibilização sobre as suas populações”.

Para já, em julho, vão realizar-se também sessões informativas e de mobilização de voluntários. No âmbito do projeto, já foram promovidas várias reuniões com especialistas a nível ibérico, bem como com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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