Em Julho, arrancam as ações para o mapeamento regional desta espécie nativa ameaçada de extinção. Em Portugal, a área de intervenção do projeto é o planalto mirandês, através da associação Palombar.
O novo projeto Water Bridges – Conservação do cágado-de-carapaça-estriada é um projeto ibérico de educação ambiental destinado à conservação de um dos répteis mais ameaçados do Europa, que está classificado como Em Perigo de extinção a nível nacional.
“O cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) é nativo da Península Ibérica e muito vulnerável às alterações climáticas, e as suas populações estão em regressão acentuada”, descreve a ONG Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, parceira deste projeto coordenado pelo GREFA – Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat, de Espanha. Este cágado é também uma das duas únicas espécies nativas deste grupo de répteis conhecidas em Portugal.
Financiado pelo programa Erasmus+ da União Europeia, o projeto quer contribuir para a criação de um mapeamento regional do cágado-de-carapaça-estriada, cujos dados de distribuição e ocorrência são hoje escassos e desatualizados, e assegurar o seguimento e a monitorização das populações desta espécie nas áreas prioritárias onde este réptil habita, acompanhando a sua evolução ao longo do tempo.
Previstas estão também atividades e métodos de aprendizagem presenciais e digitais que promovam o conhecimento e a recuperação da espécie, bem como a caracterização e melhoria dos seus habitats (rios, ribeiras, charcos e outras zonas húmidas) e da biodiversidade que albergam, explica a Palombar. “Serão dinamizadas ações formativas, participativas e colaborativas para mitigar os problemas ambientais e ecológicos que afetam a espécie, entre os quais se destacam a destruição e fragmentação de habitats aquáticos, as alterações climáticas, a captura ilegal, a poluição e degradação da qualidade da água, a redução da conectividade entre populações e a presença de espécies exóticas invasoras”, detalha esta associação.
O Water Bridges arrancou em 2025 e tem a duração de 18 meses. A área de intervenção do projeto em Portugal é o planalto mirandês, na região de Trás os Montes, onde a Palombar ficou responsável por desenvolver ações de conservação diretas e de educação e sensibilização ambiental na comunidade e no meio escolar, de Ciência Cidadã e formação de voluntários.
Durante o mês de julho, têm início as ações de caracterização dos habitats e amonitorização das populações do cágado-de-carapaça-estriada, através de métodos de captura‑marcação‑recaptura, que pretendem envolver de forma ativa os voluntários do projeto integrados no coletivo “Guardiões dos Cágados”.
Estão ainda previstas ações de melhoria de habitat em pontos prioritários, também com o apoio dos voluntários. Ao mesmo tempo, vão ser criados materiais pedagógicos e haverá saídas de campo destinadas à sensibilização de crianças, adolescentes, jovens NEET – que não se encontram a trabalhar, a estudar ou em formação – e também idosos, reforçando a inclusão e o envolvimento comunitário na conservação desta espécie ameaçada.
“A conservação de cágado-de-carapaça-estriada depende fundamentalmente da preservação e restauro dos seus habitats, nomeadamente manchas de água doce, preferencialmente com boa qualidade da água e com abundante cobertura vegetal”, sublinha ainda a Palombar. “Esta espécie é também muito vulnerável às alterações climáticas, pelo que mitigar o seu impacto é essencial, bem como aumentar o conhecimento e a sensibilização sobre as suas populações”.
Para já, em julho, vão realizar-se também sessões informativas e de mobilização de voluntários. No âmbito do projeto, já foram promovidas várias reuniões com especialistas a nível ibérico, bem como com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).