A WWF manifestou ontem a sua solidariedade para com as famílias das vítimas mortais dos incêndios e pediu ao Governo uma acção urgente. Defende que o caminho passa por um combate eficaz às alterações climáticas.
Em comunicado, a organização apelou “ao Governo e às autoridades competentes que ponham em marcha a estratégia de combate às alterações climáticas para que estes acontecimentos cada vez mais frequentes sejam evitados e os seus impactos mitigados”.
“O Governo e as autoridades competentes não se podem esquecer que as alterações climáticas trarão altas temperaturas e ondas de calor mais frequentes e intensas que favorecerão episódios de incêndios catastróficos e impossíveis de controlar apenas com os meios de extinção e combate”, alertou Rui Barreira, especialista em florestas da WWF Portugal.
Este ano já arderam mais de 300 mil hectares de floresta em Portugal. O braço português desta organização mundial de conservação de natureza disse estar solidário “com as famílias das vítimas, com os bombeiros que estão no terreno a combater os incêndios florestais e com as empresas e as pessoas que perderam os seus bens” no “evento extremo que assolou Portugal este fim-de-semana”.
Além da implementação da estratégia nacional para as alterações climáticas, a WWF apela ao Governo que “rapidamente implemente a reforma florestal” “e que utilize as recomendações do relatório da comissão técnica independente ao incêndio de Pedrogão Grande para evitar que estes eventos se repitam”.
Outra das medidas que a WWF entende como cruciais é a utilização dos fundos disponibilizados pelo Fundo Ambiental “para preparar o país para estar mais adaptado às alterações climáticas e para ordenar melhor as florestas e o território rural”.
“Os problemas são conhecidos e as soluções já foram amplamente discutidas”, lembrou Rui Barreira. “Mas enquanto o poder político e as instituições deste país não puserem em práticas as medidas identificadas nos relatórios e na reforma florestal já aprovada, estes eventos vão continuar a repetir-se e o país vai continuar a lamentar-se ao mesmo tempo que perde a sua riqueza natural e as pessoas perdem as suas vidas e os seus meios de subsistência, em especial aqueles que cada vez estão mais abandonados no meio rural.”
Segundo a WWF, as florestas do Mediterrâneo são muito ricas em biodiversidade, albergando cerca de 25.000 espécies de plantas e disponibilizando habitat para espécies Em Perigo de extinção, como a águia-imperial.
São ameaças às florestas e populações “as alterações climáticas, a negligência humana e a falta de uma adequada gestão florestal que atue ao nível da prevenção dos incêndios”. A tudo isto se junta a “natureza inflamável da floresta Mediterrânica, onde Portugal se insere”.
E agora, depois dos incêndios florestais e quando começam as chuvas, é preciso ter em atenção o risco de “cheias um pouco por todo o país”. Mais uma vez, acrescenta a organização, a estratégia nacional de adaptação às alterações climáticas permitiria “mitigar o efeito destes eventos extremos”.