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Foto: Hélio Madeiras

WWF pede estratégia ibérica contra grandes fogos florestais

10.07.2018

O Noroeste ibérico é um “barril de pólvora” e Portugal e Espanha precisam de uma estratégia ibérica para se defender dos grandes incêndios florestais, apelou a organização mundial de conservação da natureza WWF.

 

A organização pediu aos Governos de Portugal e Espanha que trabalhem juntos numa estratégia comum para enfrentar os grandes incêndios florestais, ou seja, aqueles com uma área ardida superior a 500 hectares.

O apelo foi feito a 5 de Julho, no dia do lançamento do primeiro relatório ibérico da WWF sobre incêndios florestais, “O barril de pólvora do noroeste”, em Lisboa e Madrid.

“Portugal e Espanha serão um inferno, ano após ano, se não mudarmos as velhas receitas contra o fogo”, disse o secretário-geral da WWF Espanha, Juan Carlos del Olmo, em comunicado.

Ambos os países enfrentam uma “nova vaga de grandes incêndios florestais, que se caraterizam por um comportamento volátil e que muitas vezes acontecem fora da época esperada”, segundo o relatório. No entender da organização, os “‘super incêndios’, consequências das alterações climáticas, não se apagam com mais hidroaviões”.

A região mais afectada na Península Ibérica é o Noroeste (Centro e Norte de Portugal, Galiza e Astúrias em Espanha). No ano passado em Portugal, “dos 16.981 pedidos de auxílio registados até 31 de Outubro, 94% ocorreram a Norte do Tejo”, recorda a organização. “Recorrentemente, distritos como o Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu, bem como a Galiza, Astúrias, Cantábria e Leão ardem em ondas devastadoras, que partem de uma combinação letal de fatores: uma vegetação exuberante, um clima cada vez mais seco e quente durante o verão, o forte abandono rural e da floresta e um uso generalizado do fogo como ferramenta – 56% dos incêndios portugueses têm origem em comportamentos negligentes.”

Perante esta ameaça, a WWF pede uma estratégia ibérica a longo prazo, “capaz de tornar o território menos inflamável, acabar com a impunidade de quem causa incêndios e combater as alterações climáticas”.

“As alterações climáticas trouxeram novas regras e é por isso que estamos a pedir esta nova abordagem ibérica aos incêndios florestais, e só trabalhando em conjunto estaremos à altura do desafio”, acrescentou Juan Carlos del Olmo.

O plano de acção, coordenado pelos Governos português e espanhol e implementado em conjunto com as administrações regionais, deverá apostar numa prevenção estratégica do fogo a nível ibérico que revitalize o território e o torne menos vulnerável. Mas não só. A organização defende ainda medidas contra a impunidade, “já que menos de 10% dos autores de fogo são identificados” e uma “ação efetiva perante a problemática das alterações climáticas”.

Mais concretamente, a WWF propõe o “planeamento do uso do eucalipto e a intervenção em monoculturas abandonadas de florestas, promovendo o seu planeamento ou a sua substituição por florestas nativas, mais diversas e resistentes ao fogo”. Por exemplo, estima-se que cerca de 40% da área de eucaliptos da Galiza seja abandonada.

“É nosso entender que os Governos de ambos os países devem assumir uma estratégia e um plano concertado para aquilo que é, acima de tudo, uma emergência social, ambiental e económica”, segundo Ângela Morgado, diretora executiva da ANP – WWF.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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