A UNESCO apresentou ontem um projecto para perceber quão vulneráveis são as espécies marinhas, incluindo as ameaçadas, às alterações climáticas numa série de sítios marinhos classificados como Património Mundial.
O projecto eDNA Expeditions, de 2022 a 2023, vai utilizar análises genéticas, através da tecnologia eDNA – que implica a recolha e análise de amostras do ambiente (solo, água e ar) em vez de um organismo individual -, para saber mais sobre a riqueza da biodiversidade naqueles sítios que fazem parte da rede da UNESCO.
De meados de 2022 ao início de 2023, equipas de cientistas e cidadãos locais vão fazer expedições para recolher material genético de peixes naqueles sítios. O objectivo é detectar peixes e outras espécies classificadas como ameaçadas na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) através de uma ferramenta de metabarcoding (funciona como um código de barras de DNA (ou RNA) que permite a identificação simultânea de muitas espécies dentro da mesma amostra).
O projecto deverá durar dois anos e “vai ajudar a medir a vulnerabilidade da biodiversidade marinha às alterações climáticas nos sítios marinhos Património Mundial”, segundo um comunicado da UNESCO.
Lançado no início da Década das Nações Unidas para a Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030), o projecto quer ajudar a compreender tendências globais e a informar os esforços para proteger os ecossistemas marinhos e garantir que as gerações futuras possam continuar a usufruir dos seus serviços.
“Os sítios marinhos Património Mundial têm um papel crucial na protecção dos ecossistemas marinhos de valor excepcional e dão oportunidades para as pessoas apreciarem e preservarem ambientes marinhos”, comentou Ernesto Ottone, vice-director-geral para a Cultura da UNESCO. “As alterações climáticas estão a afectar o comportamento e a distribuição da vida subaquática e precisamos compreender o que está a acontecer, de forma a podermos adaptar os nossos esforços de conservação às novas condições.”
Todos os dados recolhidos neste projecto serão processados e publicados pelo OBIS (Ocean Biodiversity Information System), plataforma que reúne dados sobre a distribuição e diversidade das espécies marinhas.
O projecto é implementado pela Comissão Intergovernamental Oceanográfica da UNESCO e pelo Centro para o Património Mundial, com o apoio do governo da Flandres (Bélgica).
O primeiro sítio marinho da UNESCO, a Grande Barreira de Coral (Austrália) foi integrado na Lista do Património Mundial da UNESCO em 1981. Hoje, esta lista tem uma rede de 50 sítios marinhos em 37 países.