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britango a voar
Abutre-do-Egipto. Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

Um dos cinco abutres marcados no Douro já chegou a África

29.08.2017

Dos cinco abutres-do-egipto (Neophron percnopterus) marcados com emissores e a ser seguidos pelos técnicos do projecto Life Rupis, há um que já chegou a África, na sua migração outonal, revelou ontem a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea).

 

Estas aves, também conhecidas por britangos, são uma espécie Em Perigo de extinção em Portugal, onde estão presentes entre Abril e Setembro. No final desse mês voam para África, onde ficam durante os meses mais frios.

Mas a fêmea Faia decidiu partir mais cedo. A sua viagem demorou dois dias, desde a região do Douro, de onde saiu a 24 de Agosto, sobrevoando o estreito de Gibraltar, até Marrocos.

Faia é o primeiro dos cinco britangos marcados no Douro pelo projeto Life Rupis – Conservação do britango e da águia-perdigueira no vale do rio Douro (2015-2019), a migrar. “Todas as outras quatro aves ainda estão na área e usam os locais de alimentação suplementares estabelecidos como parte do projeto”, explica a Spea em comunicado.

Esta fêmea foi capturada em Escalhão (Figueira de Castelo Rodrigo) em Junho, assim como o macho Douro, e reproduziu, com sucesso, no vale de Águeda, no lado espanhol.

Hoje sabemos o paradeiro destes cinco abutres graças ao programa de marcação com emissores GPS que acontece durante os meses do Verão no âmbito do projecto Life Rupis. O grande objectivo é saber mais sobre os hábitos de alimentação, rotas e padrões de migração destas aves ameaçadas.

 

Votação online escolheu nomes para três britangos

 

De 1 a 10 de Agosto esteve aberta uma votação online para dar nomes aos três britangos marcados em Junho e Julho. A Spea registou quase 200 participações. Dos 36 nomes, o público escolheu os três favoritos: Faia, Douro e Bruçó.

“A lista foi preparada pela equipa Life Rupis e procurou reflitir não só localidades e pontos únicos das Arribas do Douro, mas também expressões e toponímia locais”, acrescentou a organização.

O Life Rupis foi lançado em Julho de 2015, em território português e espanhol na zona do Douro Internacional para ajudar a reforçar as populações de águia-perdigueira (Hieraaetus fasciatus) e de britango, através da redução da mortalidade e aumento do sucesso reprodutor destas espécies.

De acordo com a Spea, nos últimos 40 anos a população de britangos na Europa tem sofrido um declínio de cerca de 50%. “As principais ameaças são a redução de disponibilidade alimentar, o uso ilegal de veneno, a perturbação dos locais de nidificação, a colisão com linhas elétricas e a electrocussão”, explica a organização.

Na área do projecto – que inclui o Parque Natural do Douro Internacional (cerca de 95.000 hectares) e o Parque Natural de Arribes del Duero (107.000 hectares) – existem 121 casais confirmados e outros 14 possíveis, segundo o censo de 2016. Em Portugal, o Douro Internacional alberga o maior núcleo de abutre-do-egipto.

A coordenação do Life Rupis está entregue à Spea, que tem mais oito entidades parceiras, como a Associação Transumância e Natureza, a Palombar, o ICNF, a Junta de Castela e Leão, a Fundación Patrimonio Natural de Castilla y Léon, a Vulture Conservation Foundation, a EDP Distribuição e a GNR.

[divider type=”thick”]Saiba mais.
Siga os movimentos dos britangos aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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