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Abutre-do-Egipto. Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

Já começaram as migrações de Outono dos abutres-do-Egipto

28.08.2020

Os abutres-do-Egipto despedem-se de terras lusas para partirem em direcção a África, onde vão passar o Inverno. Faia atravessou o estreito de Gibraltar a 24 de Agosto e está em Marrocos. Mas a sua viagem ainda não terminou.

Por estes dias, Faia, uma fêmea de abutre-do-Egipto ou britango (Neophron percnopterus) do Douro Internacional, estará a atravessar o deserto em direcção à Mauritânia.

As viagens desta ave têm sido acompanhadas graças a um emissor GPS. Este foi-lhe colocado em 2017, no âmbito do projecto de conservação LIFE Rupis, quando foi capturada na zona de Escalhão, região de Figueira de Castelo Rodrigo (Guarda).

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Abutre-do-egipto, também conhecido por britango. Foto: Ricardo Brandão/CERVAS

Segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea), Faia começou a migração a 21 de Agosto, dia 24 atravessou o estreito de Gibraltar e a 26 de Agosto estava em Marrocos, a preparar-se para atravessar o deserto.

Normalmente, os conservacionistas perdem o sinal de Faia quando esta deixa Marrocos e entra na Argélia, “provavelmente porque está a voar numa área sem cobertura GSM no deserto”, explica a Fundação para a Conservação dos Abutres (VCF), em comunicado. Depois, o sinal regressa quando Faia chega a outra região, muitas vezes ao Mali.

“A cobertura GSM é fragmentada no deserto e a experiência que temos com as aves marcadas pelo projecto LIFE Rupis é que muitas vezes não sabemos das aves durante dias, semanas ou mesmo meses.”

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Britango. Foto: Bruno Berthemy / VCF

Os abutres-do-Egipto (Neophron percnopterus), também conhecidos por britangos, são os abutres mais pequenos da Europa. Estas aves são uma espécie Em Perigo de extinção em Portugal.

O LIFE Rupis foi lançado em Julho de 2015, em território português e espanhol na zona do Douro Internacional para ajudar a reforçar as populações de águia-perdigueira (Hieraaetus fasciatus) e de britango, através da redução da mortalidade e aumento do sucesso reprodutor destas espécies.

De acordo com a Spea, nos últimos 40 anos a população de britangos na Europa tem sofrido um declínio de cerca de 50%. “As principais ameaças são a redução de disponibilidade alimentar, o uso ilegal de veneno, a perturbação dos locais de nidificação, a colisão com linhas elétricas e a electrocussão”, explica a organização.

Em Portugal, o Douro Internacional alberga o maior núcleo de abutre-do-egipto.

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Marcação de um abutre-do-egipto com emissor GSM. Foto: LIFE Rupis

A coordenação do LIFE Rupis está entregue à Spea, que tem mais oito entidades parceiras, como a Associação Transumância e Natureza, a Palombar, o Instituto de Conservação da Natureza (ICNF), a Junta de Castela e Leão, a Fundación Patrimonio Natural de Castilla y Léon, a Vulture Conservation Foundation, a EDP Distribuição e a GNR.

Saiba mais

Recorde alguns dos factos conhecidos sobre o que acontece aos abutres-do-Egipto que voam de Portugal para África.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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