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abutre do Egipto em grande plano
Abutre-do-Egipto. Foto: Pixabay

Descoberto um raríssimo ninho de abutre-do-Egipto em Cabo Verde

27.04.2021

No início de Abril foi descoberto um ninho de abutre-do-Egipto em Cabo Verde. É apenas o segundo ninho ocupado por esta espécie a ser encontrado nos últimos cinco anos no país, onde a população desta ave está extremamente ameaçada.

Actualmente, uma equipa de conservacionistas da organização Bios CV – Conservação do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Cabo Verde na ilha de Boa Vista, Cabo Verde, está a monitorizar de perto este ninho, instalado numa área montanhosa, durante a época de reprodução. Esta equipa vigia o ninho, a partir de uma distância segura para evitar qualquer perturbação, a cada três ou quatro semanas para confirmar a actividade reprodutora, segundo um comunicado da Fundação para a Conservação dos Abutres (Vulture Conservation Foundation, VCF).

Até há 25 anos, o abutre-do-Egipto ou britango (Neophron percnopterus) foi uma espécie abundante em Cabo Verde. Mas desde então “tem sofrido um declínio muito rápido e praticamente desapareceu daquele país”, recorda a VCF. Tudo por causa do envenenamento, falta de alimento e electrocussão em linhas eléctricas.

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Britango. Foto: Bruno Berthemy / VCF

De momento não se sabe ao certo qual o tamanho da população de Cabo Verde mas deverão existir não mais de 20 abutres em apenas três ilhas: Santo Antão, Boa Vista e Maio.

Na ilha da Boa Vista existirão não mais de um a dois casais reprodutores e menos de seis indivíduos.

Os abutres de Cabo Verde, assim como em outros arquipélagos, são sedentários, enquanto a maioria das outras populações são migradoras. Por exemplo, as aves da Europa – incluindo de Portugal – passam os Invernos em África, na Península Arábica ou no subcontinente indiano.

Os abutres-do-Egipto são os abutres mais pequenos da Europa. E estão em declínio. Nos últimos 40 anos, a população europeia terá sofrido um declínio de cerca de 50%, segundo a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). As razões passam pela redução de disponibilidade alimentar, o uso ilegal de veneno, a perturbação dos locais de nidificação, a colisão com linhas elétricas e a electrocussão.

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Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

Em Portugal, estas aves são uma espécie Em Perigo de extinção. Para ajudar a recuperar esta espécie foi lançado em Julho de 2015 o projecto LIFE Rupis, com medidas em território português e espanhol na zona do Douro Internacional para reduzir a mortalidade e aumentar o sucesso reprodutor da espécie. É precisamente no Douro Internacional que existe o maior núcleo de abutre-do-egipto no nosso país.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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