Chegadas ao centro algarvio ainda pequenas crias, as corujas tiveram de aprender a ser autónomas. A Wilder falou com a equipa para saber como foi esse processo.
É entre Dezembro e Fevereiro que em Portugal nascem as pequenas crias de corujas-do-mato (Strix aluco). Três destas aves, nos primeiros meses do ano, foram parar ao RIAS-Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens.
A primeira deu entrada em Janeiro e as outras duas no mês seguinte. É comum isso acontecer por essa altura, neste e noutros centros de recuperação animal do país. Afinal, as quedas do ninho acontecem de forma natural, “seja por desequilíbrio ou por tentativa de primeiro voo”, explicou à Wilder Vera Marques, que trabalha neste centro situado em Olhão, em pleno Parque Natural da Ria Formosa.
Ainda que sem lesões físicas, as três crias ainda ficaram alguns meses no RIAS até serem libertadas no final de Abril. Nesse período, a equipa veterinária esforçou-se para ajudá-las a crescer e para que aprendessem a sobreviver sozinhas.
Por exemplo, para alimentar as pequenas aves, “de forma a simular aquilo que aconteceria no ninho, foi-lhes dado rato em pedaços, tal como os progenitores fariam”, descreveu Vera Marques. Mais tarde, à medida que cresciam – adiantou a mesma responsável – “foram providenciados ratos vivos, para que pudéssemos garantir que conseguiam caçar, e assim, sobreviver sozinhas.”
Ajudar estes animais a tornarem-se independentes é na verdade “um processo um tanto demorado e exigente”. Nos primeiros dias começa pela necessidade de “forçar o alimento”, algo que “exige cuidados redobrados, tempo e paciência.”
Aprender a caçar
“[As três] foram pesadas todos os dias para garantir o aumento de peso. Mais tarde, foram transferidas para instalações exteriores com enriquecimento ambiental (existência de árvores e esconderijos), onde o instinto natural faz o seu trabalho. Aqui foram colocadas presas vivas para estimular estas aves a caçar.”
A ajudar tiveram o facto de haver três corujas-do-mato a partilharem o espaço do centro, pois assim puderam “socializar e aprender umas com as outras os comportamentos naturais “, notou a mesma responsável, que trabalha no Departamento de Educação Ambiental e Divulgação do RIAS.
Já mais crescidas e autónomas, foram devolvidas à natureza no dia 24 de Abril.
O que fazer se encontrar uma ave destas caída?
Nesta altura do ano, as corujas-do-mato que nasceram há poucos meses costumam estar ainda em fase de crescimento, a receber dos progenitores os cuidados necessários.
Se encontrar uma destas aves no chão, por ter caído do ninho, “é necessário perceber se terá ferimentos”, adiantou a responsável do RIAS. “Caso não tenha (e não havendo perigo por perto, como estradas e predadores) poderá ser aí deixada. Os progenitores irão continuar a alimentá-la.”
Mas se encontrar ferimentos ou suspeitar de algum problema, pode encaminhar a ave para o centro de recuperação de fauna selvagem mais próximo. Aí será examinada por veterinários experientes.
[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.
O aumento da urbanização tem levado à perda de habitat para as corujas-do-mato e outras espécies. Vera Marques explica como pode ajudar:
“Neste caso, se as pessoas tiverem uma propriedade espaçosa e com árvores, pode ser colocada uma caixa-ninho apropriada a esta espécie, incentivando aqui a nidificação. É uma óptima aliada no controlo de ratos. No caso de terem conhecimento de algum ninho nas proximidades, é claro que não se deverão aproximar. Desta forma iriam assustar os progenitores, e possivelmente causar o abandono do ninho e das crias.”
Saiba mais sobre as corujas-do-mato e onde estão presentes, no portal Aves de Portugal.