A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza pediu hoje ao Governo que valorize a floresta autóctone portuguesa, nomeadamente os carvalhais, reduzidos a menos de 2% da área florestal do país. No Dia da Floresta Autóctone, a associação diz também que está a avaliar a Reforma das Florestas, em consulta pública até 31 de Janeiro de 2017.
A floresta autóctone portuguesa – com os seus carvalhais, azinhais e sobreirais – está adaptada ao solo e ao clima do país e as suas espécies são muito resistentes aos incêndios florestais, lembra a Quercus em comunicado. Além disso, os serviços ambientais que presta são “insubstituíveis”.
Ainda assim, “a maior parte das florestas naturais desapareceu ou está já muito alterada”. Para algumas espécies raras e ameaçadas, a Quercus pede mesmo legislação específica para as conservar. Nesse sentido, a Quercus apresentou a 19 de Outubro um apelo à criação de legislação para protecção dos carvalhais de Portugal – como o carvalho-alvarinho (Quercus robur), o carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e o carvalho-cerquinho (Quercus faginea) – endereçado aos ministros da Agricultura e do Ambiente e a todos os grupos parlamentares da Assembleia da República. A petição pública para a criação dessa legislação já tem cerca de 2.500 assinaturas.
“O principal problema do desaparecimento da nossa floresta autóctone deve-se principalmente ao abate de árvores com a ausência de uma reflorestação com espécies autóctones, à construção de infraestruturas e edificações, ao pastoreio excessivo, pela demora de crescimento, à substituição por espécies exóticas, como o eucalipto, ou até à acção e recorrência do fogo”, escreve a associação em comunicado.
Para a organização, a Reforma das Florestas, agora em consulta pública, “deve ser uma oportunidade de valorizar e potenciar a floresta autóctone”, especialmente através da aposta no desenvolvimento rural “como fomento a uma floresta autóctone mais resiliente ao fogo e práticas agrícolas sustentáveis que contribuam para a manutenção da população nas aldeias”.
A Quercus está a avaliar detalhadamente as dez medidas da Reforma que, na generalidade, lhe parecem poder “contribuir para a melhoria do ordenamento florestal nacional”. Contudo, acrescenta, o documento é “omisso” em várias áreas, como a melhoria da regulamentação, a necessidade de regulamentação para a autorização de cortes de povoamentos florestais e da colheita de cogumelos silvestres e o apoio público ao controlo de pragas e doenças florestais (nomeadamente no pinhal) e o declínio do montado.
Na lista das coisas a melhorar está a sensibilização para o risco do uso do fogo, vigilância, prevenção estrutural, combate e coordenação superior do sistema de Defesa da Floresta Contra Incêndios (DFCI).
[divider type=”thick”]Saiba mais.
Conheça a Reforma das Florestas que está em discussão pública até 31 de Janeiro de 2017.