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Carvalho-negral. Foto: Luis Fernández García/WikiCommons

Quercus: “Milhares” de carvalhos-negrais estão a secar no Alto Alentejo

07.09.2021

O aviso foi lançado pelo Núcleo Regional de Portalegre da associação Quercus, que suspeita de uma praga de pulgão-dos-carvalhos.

Foi em pleno mês de Agosto que responsáveis da Quercus detectaram “que milhares de carvalhos-negrais (Quercus pyrenaica) estavam a ficar com as folhas amarelas e secas no Norte do distrito de Portalegre, particularmente no concelho de Castelo de Vide, dento do Parque Natural da Serra de São Mamede”, anunciou esta terça-feira o Núcleo Regional de Portalegre, em comunicado.

Embora para já estejam por confirmar as causas deste problema que está a afectar um número grande de carvalhos-negrais, a organização não governamental de ambiente “alertou de imediato o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, mas, até ao momento, ainda não se conhece o diagnóstico do problema sanitário que está a afectar, de forma inédita o montado de carvalhos-negrais alentejano”.

Esta questão está a preocupar também vários habitantes e proprietários de terrenos no concelho de Castelo de Vide, que já terão contactado a autarquia.

Segundo a Quercus, as suspeitas apontam para que “as condições climáticas tenham promovido o problema” que está a afectar estes carvalhos. Esta espécie é predominante no Norte e Centro de Portugal, mas no Alentejo existe um núcleo importante na Serra de São Mamede. Esta serra funciona “como uma ilha climática, tendo por isso uma grande biodiversidade de flora e de fauna”.

Pulgão-dos-carvalhos

Acredita-se, embora para já sem confirmação, que os carvalhos estão a adoecer devido a um surto de surto de pulgão-dos-carvalhos (Altica quercetorum). “Segundo especialistas, em condições favoráveis como invernos secos e eventualmente verões de grande humidade, pode aumentar o ataque da praga”, adianta a organização não governamental de ambiente.

No Centro e Norte do país, os surtos deste pulgão acontecem “pontualmente”, em especial nas situações em que existe “alguma degradação e desequilíbrio do ecossistema carvalhal”. Ou seja, isso indica que o problema surge como resultado de “continuada degradação do carvalhal devido à acção humana”.

No Norte do Alentejano os carvalhos-negrais surgem no sistema de montado – terreno com azinheiras ou sobreiros – “pelo que é essencial uma gestão cuidada, para evitar o declínio do ecossistema”.

A Quercus pede ainda para que seja rapidamente feita a avaliação do problema, lembrando que apesar de não dispor de protecção legal, “é importante proteger também” o carvalho-negral, “pois é uma espécie autóctone de Portugal importante em termos de conservação”.

O pulgão-dos-carvalhos é um coleóptero que foi pra primeira vez visto em Portugal em 1896, de acordo com uma informação no site do ICNF. “Não chegando a causar a morte do hospedeiro, mas podendo consumir até cerca de 95% da parte aérea, este coleóptero atrasa o seu crescimento no ano do ataque, deixando o hospedeiro enfraquecido e vulnerável a outros agentes patogénicos”, indica também.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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