um abutre-preto a voar
Abutre-preto. Foto: Juan Lacruz/Wiki Commons

Sobe para cinco o número de colónias de abutre-preto conhecidas em Portugal

03.07.2024

O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) anunciou esta quarta-feira a descoberta de um novo núcleo populacional do maior abutre da Europa, na região do Alentejo.

A nova colónia de abutres-pretos (Aegypius monachus), formada por 10 aves adultas, foi identificada na Herdade do Monte da Ribeira, no concelho alentejano da Vidigueira, no âmbito de ações de monitorização realizadas pelo ICNF. Com esta descoberta, passa para cinco o número de colónias conhecidas desta espécie ameaçada de extinção, em território nacional.

Esta é a maior ave de rapina da Europa, podendo atingir os três metros de envergadura de asa. Estima-se que a nova colónia seja “constituída por quatro ou cinco casais reprodutores, embora só tenham sido observados quatro ninhos”, indicou, numa nota de imprensa, o instituto que tutela a conservação da natureza.

Vídeo: ICNF

“A colónia foi identificada em plena época de reprodução”, um período que é “especialmente sensível” para estas aves necrófagas, decorrendo de fevereiro a agosto. Por ano, cada casal produz apenas um ovo. De acordo com o ICNF, foi confirmada a reprodução em pelo menos um dos ninhos encontrados na Herdade do Monte da Ribeira, “no qual foi possível observar um indivíduo juvenil já emplumado”.

Entretanto, a Direção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo tomou medidas para vigiar e proteger esta colónia de abutres, em colaboração com os proprietários da herdade alentejana.

Vídeo: ICNF

Em Perigo de extinção

Desde a publicação da nova Lista Vermelha das Aves de Portugal Continental, o abutre-preto é uma ave necrófaga com o estatuto Em Perigo de extinção, mas que durante quase 20 anos esteve Criticamente em Perigo, o grau mais elevado de ameaça. É também considerado uma espécie de interesse comunitário e prioritária no contexto da legislação europeia, no âmbito da Diretiva Aves.

Após mais de meio século de declínio demográfico e ausência como nidificante no país, o abutre-preto restabeleceu a sua condição como nidificante em Portugal há 14 anos, em 2010, o o estabelecimento de várias pequenas colónias – a maioria em áreas protegidas, como o Parque Natural do Tejo Internacional, a Serra da Malcata e o Parque Natural do Douro Internacional. Mais recentemente, surgiu uma nova colónia na Herdade da Contenda, em Moura, que conta atualmente com 11 casais.

O ICNF é uma das várias entidades ligadas ao projeto Aegypius return – Consolidação e expansão da população de abutre-negro em Portugal e no oeste de Espanha, dirigido à conservação do abutre-preto. Em vigor de 2022 a 2027, este projeto co-financiado pelo programa europeu LIFE tem como objetivo melhorar e acelerar a recolonização natural do território por esta espécie.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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