O Dia Aberto do LIFE Imperial, que vai acontecer este sábado, em Castro Verde, vai ser aberto a todos os que querem conhecer melhor o projecto. E com uma novidade: as autoridades europeias permitiram que as acções, que deveriam terminar já no final de 2018, se prolonguem até Junho de 2020.
Co-financiado por fundos europeus, o projecto desenvolve-se em vários concelhos do Tejo Internacional (Beira Baixa) e do Alto e Baixo Alentejo, onde a águia-imperial-ibérica (Aquila adalbertis) se reproduz. A meta é estabelecer as bases para o aumento da população desta grande ave de rapina, que em Portugal está Criticamente em Perigo e só recentemente voltou a nidificar, em 2003.
“Com a aprovação deste prolongamento, vamos ter oportunidade de consolidar mais alguns dos objectivos e avançar noutros que ainda não tínhamos alcançado”, disse à Wilder Paulo Marques, da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e coordenador do LIFE Imperial.
O que querem concretizar até Junho de 2020? Em primeiro lugar, investir nas medidas de gestão do habitat que são importantes para a águia, como o aumento de coelhos. “É um alimento essencial para esta espécie e muito importante para que as águia-imperiais se reproduzam com sucesso”, explicou o coordenador.
E é por isso que a equipa vai continuar, por exemplo, com a construção de maroços – uma espécie de abrigos para coelhos feitos com pedras, ramos ou outros materiais, e onde estes se podem proteger dos predadores e reproduzir. Em muitos locais onde ocorre a águia-imperial, “a estrutura do solo é muito pobre e fina, difícil para os coelhos escavarem túneis e tocas.”
Muito importante é também o combate ao crime ambiental: “Continuamos sobretudo preocupados com o uso ilegal de venenos. Em Portugal, nunca houve condenações e muitas vezes os processos são arquivados ainda na fase de instrução”, salientou. Também os abates ilegais a tiro e a perturbação de locais de nidificação preocupam a equipa.
Assim, uma das principais medidas do LIFE Imperial, até Junho de 2020, vai ser a produção de um manual de procedimentos destinado às autoridades, incluindo forças policiais e tribunais, que elucide como se faz um auto de prova em casos de crime ambiental, ou a instrução dos processos. Outro objectivo é lançar as bases para “uma leitura mais uniforme das leis” nesta área.
Mais dois casais em Portugal em 2018
Contas feitas, desde que teve início o projecto, em 2014, o número de casais reprodutores de águia-imperial tem aumentado, em média, mais um casal por ano. Em 2018, confirmou-se a presença de pelo menos 17 casais em território português, mais dois que no ano anterior.
“Achamos que este aumento podia ser mais elevado, como sucede em Espanha, só que por cá tem estado a ser limitado por várias ameaças, como o envenenamento ilegal e a falta de presas”, ressalvou Paulo Marques.
Este deverá ser um dos temas levantados durante o Dia Aberto do LIFE Imperial, em Castro Verde, que vai incluir a explicação do projecto e um encontro informal com parte da equipa, incluindo os técnicos que andam no terreno. “Quem lá estiver vai poder perguntar tudo aquilo que gostava de perguntar a um biólogo e nunca teve oportunidade de o fazer, especialmente sobre a águia-imperial.”
O lançamento do conto infantil ilustrado “As Aventuras de Aquiles e Albertina”, sobre um casal de águias-imperiais – escrito por uma técnica da equipa – e uma gincana aberta a todas as famílias são outras acções previstas para o Dia Aberto deste sábado.
Além da LPN, que coordena o LIFE Imperial, o projecto tem como parceiros a GNR, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a EDP Distribuição, a Câmara Municipal de Castro Verde, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife) e a empresa Tragsatec.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Recorde algumas das acções do LIFE Imperial, como a correcção de linhas eléctricas para evitar a electrocussão das águias e a instalação de ninhos artificiais.
Conheça o programa do Dia Aberto do LIFE Imperial, no dia 24 de Novembro, no Fórum Municipal de Castro Verde.