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grande plano de águia perdigueira de perfil
Águia-de-Bonelli. Foto: T. R. Shankar Raman/Wiki Commons

Projecto europeu regista recorde de nascimentos de águias-de-Bonelli em 2020

27.04.2020

O projecto europeu AQUILA a-LIFE, coordenado pela organização conservacionista espanhola Grefa, registou na temporada reprodutora 2020 um recorde de nascimentos de águia-de-Bonelli, com 15 novas crias desta rapina ameaçada a nascer no seu habitat natural.

 

Em comunicado divulgado a 24 de Abril, a organização explica que nove das crias nasceram na ilha de Mallorca e as outras seis na Comunidade de Madrid, de seis e quatro casais reprodutores, respectivamente. Espera-se que nos próximos dias possam eclodir mais ovos em ambas as zonas.

Segundo Ernesto Álvarez, presidente do Grefa (Grupo de Reabilitação da Fauna Autóctone e do seu Habitat), “este número de nascimentos marca um recorde desde o início do projecto em 2018 e permite ter grandes esperanças quanto à recuperação da espécie nas zonas de Espanha e Itália onde está a decorrer o AQUILA a-LIFE”.

Doze das 15 novas crias nasceram de casais reintroduzidos em Mallorca e na Serra Oeste de Madrid e as outras três são uma cria criada em cativeiro pela Grefa e adoptada por um casal da Comunidade de Madrid e as outras duas são descendentes de casais selvagens, cujo território reprodutor abarca as províncias de Madrid e de Guadalajara.

“Este número demonstra a importância dos projectos de recuperação de espécies ameaçadas baseados na reintrodução de exemplares e no trabalho conjunto de diferentes ONG e entidades”, acrescentou Ernesto Álvarez.

Hoje existem cerca de 20 novos casais de águias-de-Bonelli em zonas onde a espécie tinha desaparecido ou estava em vias de extinção, graças à libertação de mais de 50 aves pelo projecto AQUILA a-LIFE desde 2018, que se somaram às aves libertadas num projecto anterior, LIFE Bonelli.

“Trabalhar em prol da águia-de-Bonelli é positivo para a natureza e para as pessoas: ao tratar-se de um predador ao mais alto nível da cadeia trófica contribui para a manutenção e restauro da complexidade própria dos ecossistemas”, acrescentou o presidente do Grefa. “Isto é algo que se traduz na activação de múltiplos serviços ambientais que são hoje mais necessários que nunca, como nos está a demonstrar a actual pandemia causada pelo coronavírus.”

A águia-de-Bonelli (Aquila fasciata), também chamada águia-perdigueira, é uma das aves de rapina que se encontra em regressão em grande parte das suas populações europeias. Metade da população desta espécie no Mediterrâneo Ocidental está na União Europeia, sobretudo em Espanha, Itália (concretamente na Sicília) e França.

Em Portugal, esta espécie está classificada como Em Perigo de extinção. No nosso país, esta águia tem sido alvo de um projecto de conservação, o LIFE Rupis, um projecto com apoios comunitários, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea) e realizado no Douro Internacional, na região do Nordeste Transmontano.

Não se sabe ao certo quantas águias-perdigueiras existem em Portugal. A última estimativa nacional é de 2011 e aponta para um total de 116 a 123 casais.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Saiba aqui como salvar a águia-de-bonelli ou águia-perdigueira.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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