Dez países africanos avançaram com uma proposta para que seja proibido o comércio internacional do marfim e de outras partes dos hipopótamos, de forma a impedir que a situação da espécie piore ainda mais.
República Centro-Africana, Níger, Senegal, Gabão e Mali são alguns dos países signatários do documento que defende que os hipopótamos passem a estar incluídos no anexo I da CITES, a convenção internacional que regula o comércio internacional de animais e flora selvagens em perigo.
A nova proposta foi apresentada poucos meses antes de uma nova reunião da CITES, prevista para o mês de Novembro no Panamá, explica uma notícia do The Guardian. Em causa está a passagem destes mamíferos semi-aquáticos para o grau de protecção mais alto da convenção, que impedirá que continuem a ser legalmente caçados para a venda de troféus ou do marfim dos dentes.
Desde 2006 que os hipopótamos passaram a ser classificados como uma espécie Vulnerável à extinção pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.
Além de ameaçados pela caça, estes animais têm sido afectados pela destruição dos seus habitats, nas zonas de lagos e rios abaixo do deserto do Saara, e ainda pelos efeitos do aquecimento global. Em 2016, estimava-se que existissem entre 115.000 a 130.000 hipopótamos em 38 países africanos, mas a espécie estava em declínio ou com uma tendência desconhecida em 25 desses países.
Estes animais são “particularmente vulneráveis” à sobre-exploração – indica a proposta apresentada – devido ao facto de terem um período de gestação de oito meses no total, com apenas uma cria de anos em anos, e a maturidade sexual das fêmeas acontecer aos 9 ou 10 anos.
Estima-se que um mínimo de 13.909 partes e produtos originados em hipopótamos foram comercializados entre 2009 e 2018, com a Tanzânia, o Uganda e a Zâmbia como os principais exportadores.
Actualmente, a caça destes animais com fins comerciais já é proibida a nível nacional em 14 dos países da sua área de distribuição, incluindo Angola e a Guiné-Bissau, sendo necessária licença nos restantes locais onde estes animais estão presentes, como é o caso em Moçambique. No entanto, há provas de caça e tráfico ilegais em paralelo com aqueles que são autorizados.
O próximo passo vai ser a apreciação da proposta pelo secretariado da CITES, que avaliará se a situação da espécie corresponde aos critérios para a sua inclusão no anexo I – onde estão hoje cerca de 1.500 espécies – e produzirá um parecer. Se tudo for aprovado, deverá ainda continuar a ser permitido que os hipopótamos sejam caçados para consumo da carne a nível local.
Saiba mais.
Recorde um estudo que incluiu um cientista português, que descobriu que os hipopótamos reconhecem as vozes dos “amigos”. E ouça os sons destes animais.