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Pisco-de-peito-azul, o belo visitante de Inverno dos estuários

01.02.2019

Os estuários do Sado e do Tejo são valiosos refúgios para o maravilhoso pisco-de-peito-azul. Celebramos o Dia Mundial das Zonas Húmidas, a 2 de Fevereiro, com esta fotogaleria de Jacinto Policarpo, o Fotógrafo de Natureza do Ano.

 

O pisco-de-peito-azul (Luscinia svecica) tem o poder de alegrar o dia a quem o consegue observar. Com os seus tons azuis e laranjas é um verdadeiro ponto de cor num estuário de cores mais neutras.

 

 

É uma pequena ave, medindo cerca de 14 centímetros. Reproduz-se nas matas de salgueiros e vidoeiros do Norte da Europa ou nos terrenos pantanosos e na margem de rios no resto da Europa.

Portugal representa para o pisco-de-peito-azul um refúgio do frio do Inverno, onde o alimento é abundante. Com muitas iguarias, desde pequenos insectos e larvas a pequenos invertebrados que vivem no lodo.

 

 

Esta é uma das inúmeras espécies que dependem das zonas húmidas de Portugal, como sapais, caniçais e estuários.

Jacinto Policarpo, 37 anos e o Fotógrafo de Natureza do Ano, está a retratar a relação entre o pisco-de-peito-azul e a sua casa de Inverno, nos estuários do Sado e do Tejo.

 

 

“A missão Luscinia svecica faz parte do projecto Realces“, explicou o fotógrafo à Wilder. É uma das 10 missões que este grupo de seis fotógrafos de natureza portugueses têm no terreno, com o objectivo de “retratar a verdadeira beleza natural das terras lusas”.

 

 

Neste caso, Jacinto Policarpo está há cerca de ano e meio a retratar aqueles dois estuários “com o foco de atenção numa espécie: o pisco-de-peito-azul”. “Queremos dar a conhecer esta espécie, relativamente difícil de observar.”

Porquê esta ave? “As aves dos estuários, à excepção talvez dos flamingos, tendem a ser pouco coloridas. E depois temos o pisco-de-peito-azul, com os seus tons metálicos de azul e laranja. É um ponto de cor numa paisagem de cores mais neutras.”

 

 

O pisco-de-peito-azul não é fácil de ver a olho nu e ao longe. “Ao longe é um pardal, uma ave castanha”, brinca Jacinto Policarpo. “Mas o seu comportamento é fácil de identificar: o som, a atitude quando voa, o oscilar da cauda. É uma ave que gosta muito de correr no lodo, de “andar”, enquanto a maioria dá saltinhos”.

Acima de tudo, acrescenta, “tento fotografar a ave inserida no seu ambiente, no estuário. Prefiro uma vertente mais artística, para dar uma perspectiva diferente, como as silhuetas, não revelando tudo”.

 

 

A missão Luscinia svecica está condicionada pelo facto de o pisco-de-peito-azul não estar em Portugal durante todo o ano, apenas no Inverno. “Mas há sempre algo para fotografar e retratar no estuário, mesmo no Verão.”

Por enquanto, a missão não tem data de fim definida. “Em teoria, as missões do projecto Realces têm entre dois a três anos. Quanto ao pisco-de-peito-azul, ainda não sabemos. A melhor imagem é aquela que ainda não se fez.”

 

 

 

[divider type=”thick”]Sabia que…?

Os machos adultos de pisco-de-peito-azul são os mais fáceis de identificar. Segundo o portal Aves de Portugal, os machos adultos têm no peito uma mancha azul com o centro branco; já os 
machos jovens e as fêmeas quase não têm nenhum azul.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Acompanhe os trabalhos de Jacinto Policarpo e dos restantes fotógrafos no site do Realces ou na sua página no Facebook.

 

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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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