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Picos de Europa já têm 15 quebra-ossos

26.07.2016

Por estes dias vivem no Parque Nacional Picos de Europa, em Espanha, 11 quebra-ossos residentes e quatro aves vindas de outras zonas para passar ali uma temporada, anuncia a Fundação para a Conservação do Quebra-ossos.

 

Com os cinco quebra-ossos (Gypaetus barbatus) libertados este ano nos Picos de Europa já são 11 os indivíduos residentes.

Actualmente, os Picos de Europa são uma das duas regiões espanholas (juntamente com Andaluzia) onde estão a ser reintroduzidos quebra-ossos na natureza, depois de terem desaparecido há várias décadas.

 

Quebra-ossos nos Pirinéus, Espanha. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons
Quebra-ossos nos Pirinéus, Espanha. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

 

Além dos 11 quebra-ossos residentes nos Picos de Europa, os técnicos do Projecto Life+Red Quebrantahuesos (2013-2018) conseguiram observar, pelo menos, quatro aves diferentes durante o mês de Julho. “Um, chamado Miguel e nascido em 2014, é um exemplar vindo do projecto andaluz e já tinha visitado os Picos de Europa em 2015”, informou a fundação em comunicado na passada quinta-feira. Esta ave foi vista a alimentar-se junto dos indivíduos recentemente libertados “com bastante assiduidade”.

Os outros três exemplares são de “proveniência pirenaica” e também foram observados na zona das libertações, “possivelmente devido ao efeito de atração que produzem as cinco aves libertadas este ano e a presença abundante de comida, tanto de criação de gado extensiva como de alimentação suplementar que estamos a fazer”, acrescentou aquela fundação.

Nos últimos anos têm sido observados em média sete quebra-ossos por ano nos Picos de Europa. “A grande qualidade do habitat, o estado favorável da população pirenaica e o próprio projecto de reintrodução está a gerar, a pouco e pouco, um núcleo populacional estável”, comentou. Até ao momento, todos os quebra-ossos libertados desde 2010 permanecem na região dos Picos de Europa sem realizar grandes deslocações para outras zonas da Península Ibérica.

O projecto Life+Red Quebrantahuesos prevê a libertação de entre três a seis quebra-ossos por ano. Assim, os responsáveis esperam criar nos Picos de Europa o segundo núcleo populacional de quebra-ossos em Espanha, depois do que existe nos Pirinéus.

As outras populações mais próximas estão em França, mais concretamente nos Alpes e nos Pirinéus. Segundo a Vulture Conservation Foundation, este ano os Alpes franceses têm 12 casais e os Pirinéus franceses têm 43 casais. Destes, 32 realizaram posturas de ovos, dos quais nasceram 20 crias. Mas apenas 13 sobreviveram.

Em Portugal, a espécie está dada como extinta. Não se conhecem registos da sua ocorrência desde o final do século XIX, segundo o livro “Aves de Portugal” (2010). O registo mais preciso é de 1888 quando duas aves foram abatidas no rio Guadiana. Os exemplares estão hoje no Museu de Zoologia da Universidade de Coimbra.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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