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Novo censo diz que Andaluzia tem hoje menos peneireiros-das-torres

27.12.2016

Ao longo deste ano foram contados 2.500 casais de peneireiros-das-torres (Falco naumanni) na Andaluzia, menos 50% do que em 2012 (com 5.000 casais), revela um novo censo da Junta andaluza.

 

A Junta acredita que na origem deste “declive tão drástico e generalizado” estão problemas que o peneireiro-das-torres encontra nos locais onde passa o Inverno, em África. “As condições dos habitats nas zonas de invernada no Sahel pioraram nos últimos anos por causa da seca associada às alterações climáticas e à sobre-exploração dos aquíferos”, explica em comunicado.

Na verdade, o seguimento das aves marcadas por todo a Espanha indica uma diminuição no regresso das aves adultas para se reproduzirem nas suas colónias depois da migração.

Ainda assim, é preciso saber mais, nomeadamente, se “estes dados se devem a uma situação conjuntural, como por exemplo um mau Inverno, ou a casos muito pontuais na invernada com graves consequências”.

Também não podem ser descartados outros factores locais como o uso de novos insecticidas, em concreto os neonicotinoides, que já foram relacionados com a diminuição das populações de aves insectívoras nos campos agrícolas de toda a Europa.

Em Portugal existiam 450 casais em 2006, ano do último censo nacional para a espécie. Castro Verde, no Alentejo, albergava 80% desses casais. Todos os anos, técnicos da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) monitorizam os ninhos das 10 colónias – com cerca de 200 casais – e tentam mantê-los o melhor possível.

Este é o falcão mais pequeno que se reproduz em Portugal e está classificado como Vulnerável pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005).

No final do século XX, a espécie estava a regredir em Portugal e no mundo. Desapareciam as suas áreas de alimento nos campos de cereais e a requalificação do património histórico levou a que fossem tapadas muitas cavidades em muralhas, igrejas e outros edifícios, usadas como locais de nidificação. Nos anos 90 do século passado, muitas das colónias no Alentejo tinham praticamente desaparecido. Mas, a pouco e pouco, os peneireiros estão a regressar.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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