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Foto: Scott Clark/Wiki Commons

México: Encontrado morto Homero González, o defensor das borboletas monarca

31.01.2020

O activista mexicano, que lutou durante décadas para proteger os locais de invernada das borboletas monarca, foi encontrado morto no estado mexicano de Michoacán.

 

Homero Gómez González, o responsável pelo Santuário El Rosario Ocampo para as borboletas monarca (Danaus plexippus), tinha desaparecido a 13 de Janeiro.

O seu corpo foi encontrado a 29 de Janeiro a boiar dentro de um poço, perto do Santuário. Segundo o jornal The Guardian, apresentava sinais de ter sido torturado.

As causas da sua morte continuam por esclarecer, mas alguns activistas acreditam que poderão estar relacionadas com disputas sobre o abate ilegal de árvores.

“Isto é um acto verdadeiramente lamentável, muito doloroso”, comentou nesta quinta-feira o Presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador.

Gómez González cresceu em El Rosario, um povoado em Michoacán, onde as borboletas monarca passam os Invernos, nas florestas densas de pinheiros e abetos.

Todos os anos, milhões de borboletas fazem migrações de mais de 3.200 quilómetros vindas do Canadá para passarem os meses mais frios no clima mais ameno do México.

Mas tanto as borboletas como as florestas das quais dependem estão ameaçadas pelas alterações climáticas e pela incursão dos madeireiros ilegais e dos agricultores de abacate.

Homero Gómez González nasceu numa família de madeireiros mas acabou por os convencer a abandonar o abate ilegal de árvores e, em vez disso, a proteger os habitats desta espécie de borboleta. O turismo veio substituir as receitas perdidas.

Homero depressa começou a trabalhar com conservacionistas de todo o mundo e criou uma conta no Twitter onde ficou conhecido por publicar vídeos de si próprio rodeado por uma nuvem de borboletas-monarca, incentivando os visitantes a testemunhar a magia deste fenómeno natural.

O santuário de El Rosario Ocampo, com 56.259 hectares, foi criado em 2006 e é, desde 2008, Património Mundial da Unesco.

O director do Centro para o Património Mundial da Unesco, Mechtild Rossler, e o director do Programa Homem e Biosfera, Miguel Clusener-Godt, expressaram a sua “profunda tristeza” pela morte de Homero Gómez González. “Estou profundamente entristecido com a morte de Homero Gómez González”, disse Rossler, em comunicado. “Ofereço as minhas condolências à sua família, aos seus colegas e a todos os que, no México e em qualquer parte do mundo, e muitas vezes correndo risco de vida, trabalham todos os dias para proteger este património natural que é partilhado com toda a Humanidade.”

Também a organização WWF México lamenta a morte do activista. “A WWF expressa a sua profunda solidariedade para com a família de Homero e para todos aqueles que beneficiaram da sua actividade em prol de um desenvolvimento social sustentável.”

Lembra, em comunicado, que Homero Gómez González foi um conservacionista da floresta e do habitat das borboletas, através da reflorestação de zonas degradadas, trabalho que começou em 1983.

“Trabalhou incansavelmente para melhorar as condições das comunidades da Reserva da Biosfera Mariposa Monarca”, escreve a organização.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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