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Lançada aplicação para mapear e contar lixo marinho nas praias portuguesas

14.02.2019

A aplicação lixomarinho.app é um projecto de ciência-cidadã criado por investigadores para travar o problema do lixo marinho e preservar os oceanos.

 

Também disponível no facebook e instagram, esta plataforma permite a contagem simples e o mapeamento de lixo marinho em praias da costa portuguesa, nomeadamente em eventos de limpeza dos areais, visando funcionar como observatório nacional de lixo marinho.

Atualmente há muitas iniciativas de limpeza de praias em Portugal. “No entanto, é necessário compilar, de forma simples e organizada, todos os dados que se estão a produzir”, disse, em comunicado, Filipa Bessa, investigadora do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) – e coordenadora da plataforma.

Os dados recolhidos na lixomarinho.app servirão para “informar outros atores da sociedade e decisores políticos sobre os níveis de poluição”, com o objetivo de “promover alterações efectivas nos níveis de poluição na nossa costa”, acrescenta.

Esta aplicação, em parceria com a Associação Portuguesa do Lixo Marinho (APLM), precisa do contributo de todos.

Qualquer pessoa pode participar, “quer em tempo real na praia ou, mais tarde, através do registo no site da plataforma, onde é possível efetuar as contagens das suas recolhas de lixo marinho”, refere a investigadora.

Há dois tipos de contagens – uma simples e outra de caráter científico. A contagem simples, composta por 20 itens – representando os materiais e resíduos que mais se registam nas praias de Portugal –, indicará as tendências dos tipos de lixo ao longo do tempo. A contagem científica, dirigida a investigadores/técnicos especializados, inclui uma lista mais alargada de tipos de lixo marinho e poderá ser útil às entidades responsáveis pelas monitorizações nacionais e internacionais deste tipo de poluição.

Esta contagem do lixo marinho por categorias permite “produzir uma plataforma alargada, de acesso livre de dados, sobre a ocorrência de lixo marinho na nossa costa. Esses dados estarão disponíveis para todos os utilizadores registados de forma gratuita (cidadãos, organizações não governamentais, empresas, organizações estatais, nacionais, regionais e internacionais) que queiram colaborar connosco, contribuindo para a redução e mitigação do lixo marinho”, salienta Filipa Bessa.

O lixo marinho é qualquer material sólido, persistente, manufaturado ou processado, que é eliminado, abandonado ou perdido no ambiente marinho e costeiro. Mais de 80% dos materiais identificados são plásticos e os restantes são metal, madeira, borracha, vidro e papel.

“Devido à sua dificuldade de degradação no ambiente, os plásticos têm sido identificados como um dos maiores problemas ambientais globais dos nossos tempos, resultando do excesso de consumo destes materiais e de algumas falhas na gestão destes resíduos. Sabe-se que, em média, cerca de oito milhões de toneladas de lixo terminam nos oceanos e as tendências indicam um aumento destas projeções”, alerta a coordenadora da plataforma.

Existem registos de lixo marinho, particularmente plásticos de vários tamanhos, em praticamente todos os ambientes do planeta (rios, lagos, oceanos, praias, solos, gelo e até no ar), “com vários impactos adversos para a fauna e flora, bem como em termos sociais e económicos para o Homem”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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