Uma jovem águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) vai ser devolvida à natureza esta terça-feira, dia 17, na zona de Mértola, depois de três meses a recuperar no CERAS-Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens, em Castelo Branco.
Esta pequena cria tinha sido encontrada debaixo do ninho a 18 de Junho, após uma vaga de calor “que colocou a equipa de monitorização da águia-imperial-ibérica de sobreaviso”, lembra um comunicado do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
A jovem águia foi encontrada por um dos técnicos que acompanham os ninhos de águia-imperial na área do Parque Natural do Tejo Internacional, no âmbito do projecto LIFE Imperial (2014-2018) – comparticipado pela União Europeia e destinado à recuperação e conservação da espécie, coordenado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
Ao lado desta ave estava uma outra cria, mais jovem, que não conseguiu sobreviver.
“Contactada de imediato, a equipa veterinária do CERAS deslocou-se de urgência ao local onde providenciou hidratação e os cuidados essenciais para assegurar a sobrevivência da cria extremamente debilitada”, relata o ICNF.
O processo de recuperação no CERAS, em Castelo Branco, um dos três centros de recuperação de fauna selvagem geridos pela Quercus, demorou cerca de três meses. Durante esse tempo, a águia foi recuperando a sua condição física e aprendeu também a caçar, em ambiente de cativeiro.
“Neste momento, está pronta para ser devolvida ao seu meio natural”, o que vai acontecer em Mértola por ser uma zona “onde ainda se encontram populações de coelho-bravo cuja abundância permitirá a sua sobrevivência na natureza.”
“Acompanhada continuamente”
A jovem águia vai ser libertada, mas isso não significa que deixe de ser vigiada, nota o ICNF, que adianta que a cria “será acompanhada continuamente”.
Se for necessário, até se tornar autónoma, vai ser “alimentada por uma equipa conjunta do ICNF, da LPN e da Tragsatec” – esta última é uma das entidades parceiras do LIFE Imperial, que actua sob coordenação da administração central espanhola, ao abrigo de um memorando de entendimento luso-espanhol para a conservação da águia-imperial-ibérica e do lince-ibérico.
A pequena ave vai carregar no dorso um transmissor GSM, numa colaboração com a Fundación CBD-Habitat, para que os técnicos saibam sempre onde se encontra.
A águia-imperial-ibérica é hoje uma das aves mais ameaçadas da Europa, onde ocorre apenas na Península Ibérica. Em Portugal, em 2017 nidificaram 15 casais, dentro ou na envolvente de seis zonas de protecção especial (ZPE): ZPE do Tejo Internacional, Erges e Ponsul, ZPE de Monforte, e ainda as ZPE de Veiros, de Mourão/Moura/Barrancos, de Castro Verde e do Vale do Guadiana. Nesses ninhos nasceram pelo menos 17 crias, das quais 15 já voaram com sucesso.
Em toda a Península Ibérica, há registo de cerca de 500 casais desta espécie. Desde 2004, recorda o ICNF, é objecto de um memorando de entendimento entre Portugal e Espanha para sua recuperação.
A libertação desta terça-feira, na zona de Mértola, vai ser realizada em conjunto pela associação Quercus e pelo ICNF.
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Recorde o que sucedeu a duas crias de águia-imperial que também em Junho caíram do ninho, afectadas pela mesma onda de calor, neste artigo da Wilder.
Conheça um guia que o ensina a identificar a águia-imperial e a conhecer outras aves de rapina que ocorrem em Portugal.