Pode haver boas notícias em breve para a foca-monge-do-Mediterrâneo, o mamífero marinho mais ameaçado da Europa, que tem uma das suas quatro sub-populações no arquipélago da Madeira.
A foca-monge-do-Mediterrâneo (Monachus monachus) é actualmente considerada Em Perigo de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza, mas este estatuto de conservação vai ser revisto pela primeira vez no próximo ano, em 2020.
O anúncio foi feito em comunicado pela Associação Europeia de Mamíferos Aquáticos (EAAM), que representa entidades e profissionais ligados aos mamíferos marinhos, e que sublinha que revisões como esta “são especialmente importantes no contexto das alterações climáticas”.
“Outrora facilmente observada em todos os países do Mediterrâneo e ao longo da costa Africana e Macaronésia, a foca-monge-do-Mediterrâneo desapareceu quase por completo”, lembra também a associação europeia. Hoje a espécie está “fragmentada em quatro sub-populações e reduzida para menos de 700 indivíduos.”
Ainda assim, ressalva, “devido aos esforços de várias organizações internacionais e a um importante trabalho de sensibilização, verificamos a inversão desta tendência.”
A última avaliação feita pela União Internacional para a Conservação da Natureza, em 2015, apontava para um total de 600 a 700 animais – dos quais 350 a 450 focas-monge em estado adulto – com uma população em crescimento devido a medidas de conservação introduzidas nos últimos 30 anos.
Mas “apesar dos esforços e dos bons resultados, muito trabalho está ainda por fazer de forma a garantirmos a recuperação total desta espécie”, avisa a EAAM.
Focas na Madeira
Das quatro sub-populações, a do arquipélago da Madeira será a terceira mais importante. Aqui, onde a espécie é também conhecida por lobo-marinho, contam-se hoje cerca de 30 focas-monge, que são alvo do projecto de conservação Life Madeira lobo-marinho (2014-2019).
Mas é na zona leste do Mediterrâneo, ao largo da Grécia e da Turquia, que se concentra a maior população destas focas, com 350 a 450 animais – o suficiente para formarem uma colónia.
Na área de Cabo Blanco (Sahara Ocidental) há outro núcleo importante, mas que foi reduzido a um terço há pouco mais de 20 anos. Foi aqui que em 1997 morreram cerca de 200 animais devido a uma “maré vermelha”, uma proliferação anormal de algas que libertam substâncias tóxicas.
Quais são hoje as principais ameaças? “A caça acidental através das redes de pesca e a degradação das praias onde as progenitoras têm as suas crias”, identifica a associação.
Um dos projectos de conservação actualmente em curso é coordenado pela MOm – Sociedade Helénica para o Estudo e Proteção da Foca-monge, apoiada pela EAAM. Esta organização grega reabilita crias resgatadas no leste do Mediterrâneo.
“Nos próximos meses, a EAAM vai também financiar uma bolsa de estudos a um estudante europeu para que este colabore com o MOm no resgate e reabilitação de crias de Foca-monge-do-mediterrâneo”, anunciou ainda a associação europeia.