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Foto: Kraniche Tanz/Wiki Commons

Grous abatidos a tiros na albufeira do Alqueva

18.03.2016

Um bando de grous foi abatido a tiro na albufeira do Alqueva, em Fevereiro passado, tendo uma destas aves sido transferida para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa (LxCRAS), depois de ser encontrada ferida.

 

A caça de grous é uma actividade ilegal. Em Portugal, a espécie está classificada com um estatuto Vulnerável em termos de conservação.

O grou encontrado ferido, recolhido da água da albufeira por não conseguir voar, chegou ao LxCRAS muito debilitado, explicou à Wilder uma bióloga do centro de recuperação, Verónica Bogalho.

“Quando esta ave deu entrada fizemos um raio-x e verificámos que estava cheia de chumbos, além de ter uma hemorragia abundante e uma fractura grande”, recordou a mesma responsável.

Seguiu-se uma cirurgia, durante a qual a equipa do centro se deparou com uma necrose que obrigaria a amputar toda uma asa da ave, “o que seria impossível para a qualidade de vida do grou”. “Fizemos a eutanásia logo durante a operação, no dia a seguir de ter dado entrada”, lamentou a bióloga.

Verónica Bogalho acrescentou também que não é habitual aves desta espécie darem entrada no centro de recuperação.

Os grous são uma espécie invernante no Alentejo, única região portuguesa onde ocorrem, para ali voando nos meses mais frios, vindos do Norte da Europa.

De acordo com o coordenador nacional das contagens desta espécie, pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, este ano foram contados 8.000 grous no Alentejo, onde permanecem até meados de Março todos os anos.

O número tem aliás vindo a crescer, em Portugal, mas Carlos Miguel Cruz alertou para alguns problemas que estão a afectar esta espécie nos locais de invernada. Entre estes, a plantação de olivais intensivos ou super-intensivos e de vinhas e também os abates a tiro.

 

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Conheça aqui mais pormenores sobre os resultados da contagem de grous que se realizou este ano.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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