O seminário “Conservação de Aves de Rapina” vai juntar dezenas de especialistas entre esta quinta-feira e o próximo sábado, para dar a conhecer experiências e estudos científicos de projectos nacionais e estrangeiros.
Como está a situação das aves de rapina em território português? O que se aprendeu nos últimos anos com as medidas de conservação e educação ligadas aos projectos Life? Como ultrapassar a imagem negativa destas espécies? E quais são os ensinamentos úteis para o futuro?
Essas são algumas questões a que este seminário organizado pelo LIFE Imperial pretende dar resposta, disse à Wilder o coordenador deste projecto, Paulo Marques, da Liga para a Protecção da Natureza. “O LIFE Imperial já está a decorrer há cinco anos. Queremos apresentar os resultados do nosso trabalho e fazer uma reflexão sobre os passos que devemos dar no futuro, quando este projecto terminar”, explicou.
O LIFE Imperial (Junho 2014 – Junho de 2020) é co-financiado pela União Europeia e quer restabelecer a águia-imperial-ibérica em em vários concelhos do Tejo Internacional e do Alentejo, incluindo Castro Verde. Esta águia, que só existe na Península Ibérica, deixou de nidificar em território nacional entre o final dos anos 1970 e o início da década seguinte, e só voltou a reproduzir-se em 2003. Neste momento, há 17 casais reprodutores confirmados.
Além da situação da águia-imperial-ibérica e das experiências no âmbito do LIFE Imperial, no encontro vão dar-se a conhecer os resultados de projectos de conservação da espécie em Espanha e na Hungria. Neste último caso, trata-se da águia-imperial-oriental, uma espécie irmã.
Mas no Cineteatro de Castro Verde, palco do seminário, não se vai falar só de águia-imperial, sublinhou o mesmo responsável. Até porque alguns dos principais problemas que ameaçam esta espécie e que vão ser debatidos – electrocussão, uso ilegal de venenos, abate a tiro – são comuns a outras aves, incluindo aves de rapina. Exemplos? O abutre-preto, a águia-de-Bonelli ou o abutre-do-Egipto.
As diferentes medidas de gestão de habitat que têm sido adoptadas vão ser também explicadas, tal como os resultados do seguimento remoto de águias-imperiais-ibéricas, de abutres-pretos e de britangos, no âmbito de vários projectos de conservação e de estudos científicos.
Por onde andam as águias?
Ao longo do LIFE Imperial, por exemplo, foram até hoje marcadas 18 águias-imperiais com aparelhos GPS. Os dados foram entregues e analisados por investigadores universitários ligados ao cE3c – Centro de Ecologia, Avaliação e Alterações Ambientais, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que vão apresentar agora as conclusões.
Já a educação ambiental, considerada “um passo central para a mobilização da sociedade”, vai ser outro tema em cima da mesa, com uma sessão dedicada às iniciativas de diferentes projectos. Nos concelhos da área de influência, por exemplo, o LIFE Imperial já chegou a 17% da população escolar, mas é difícil prever o futuro, admitiu Paulo Marques. “O resultado da educação ambiental é a grande dúvida, é daquelas coisas que só se podem ver a médio e longo prazo”, concluiu.
Saiba mais.
Consulte o programa do seminário, que prevê quase 30 palestras entre quinta e sexta-feira, e algumas visitas e demonstrações no sábado.