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Cuco-de-bico-amarelo. Foto: Stephen Ramirez/WikiCommons

Filadélfia vai reduzir luzes para evitar colisão de aves com arranha-céus

15.03.2021

A iniciativa, de 1 de Abril a 31 de Maio, quer ajudar os milhões de aves que estão a sobrevoar a cidade nesta altura do ano, em migração.  Em 2020 morreram cerca de 1.500 aves num só dia.

Todos os anos, dezenas de milhões de aves sobrevoam a cidade norte-americana de Filadélfia durante as migrações da Primavera e do Outono. São aves que viajam entre os Estados Unidos e Canadá e a América Central e do Sul.

Estima-se que, por ano, até mil milhões de aves colidam com edifícios e outras estruturas feitas pelo homem nos Estados Unidos. Muitas aves ficam confusas pelas luzes artificiais de noite ou pelo reflexo do sol em superfícies transparentes. A maioria destas colisões são fatais.

O programa “Lights Out”, anunciado na passada quinta-feira pela Bird Safe Philly, é um programa voluntário para desligar ou reduzir a intensidade da luz no interior e no exterior dos edifícios entre a meia-noite e as 06h00, durante as migrações das aves.

O desafio acontece de 1 de Abril a 31 de Maio e depois de 15 de Agosto a 15 de Novembro.

A Bird Safe Philly foi criada em resposta a um evento de colisão em massa a 2 de Outubro de 2020 quando cerca de 1.500 aves morreram depois de terem colidido com edifícios no centro da cidade de Filadélfia. As aves, como o cuco-de-bico-amarelo (Coccyzus americanus), migravam de zonas como o Canadá, Maine e o Norte do estado de Nova Iorque em direcção à América Central e do Sul.

Cuco-de-bico-amarelo. Foto: Stephen Ramirez/WikiCommons

A maioria das aves migra durante a noite, orientando-se pelas estrelas ou pelo campo magnético da Terra. ”As aves são particularmente sensíveis à luz quando estão a migrar à noite. As luzes artificiais podem desorientá-las, especialmente em noites com céu nublado ou chuvosas quando não conseguem ver as pistas no céu”, explica a Birds Safe Philly

Este programa é uma parceria entre a Academia de Ciências Naturais da Universidade de Drexel, o Clube de Ornitologia do Vale de Delaware, e três núcleos regionais da organização Audubon Society.


Saiba mais.

As luzes artificiais são um problema para aves em todo o mundo, incluindo em Portugal. Conheça aqui o que está a ser feito nos Açores e na Madeira para salvar as aves marinhas que não conseguem chegar ao mar, confundidas com as luzes artificiais.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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