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Falcoeiros construíram caixas-ninho para aves de rapina selvagens

17.03.2017

Nove falcoeiros juntaram-se em Torres Vedras, na última semana, para construir caixas-ninho destinadas às aves de rapina selvagens.

 

Três caixas-ninho para peneireiros de dorso malhado (Falco tinnunculus), duas caixas para corujas das torres (Tyto alba) e uma caixa para corujas do mato (Strix aluco). Foi esse o resultado do trabalho destes nove membros da Associação Portuguesa de Falcoaria, no último domingo, nascido da ideia de um deles.

“Duas das caixas-ninho já foram instaladas. Estamos agora a tratar da instalação das restantes, em locais onde sabemos que existe uma população razoável destas espécies”, explicou à Wilder o presidente da associação, Pedro Afonso. Três dos novos ninhos, adiantou, deverão ficar na Tapada de Mafra.

 

 

É verdade que algumas das seis caixas podem ficar vazias este ano, uma vez que “já é um pouco tarde” para receberem ocupantes, mas Pedro Afonso ressalva que “algumas aves têm um ciclo mais tardio”.

“As corujas geralmente são mais precoces, mas os peneireiros estão agora a começar a copular e a visitar os ninhos.” Uma vez que estas aves ocupam todos os anos os mesmos locais, as caixas-ninho agora construídas “seriam para novos casais ou para aqueles que não conseguiram reocupar o mesmo sítio”.

Esta é, antes de tudo, “uma actividade simbólica”, já que as aves em causa não têm problemas de conservação. “Estamos à nossa escala a mostrar que somos capazes de fazer alguma coisa por estas espécies.”

Negociar a instalação de um ninho ou plataforma para falcões peregrinos, numa fábrica ou num edifício público, é o próximo passo. Mas só deverá acontecer no Verão, uma vez que agora “a maioria dos casais já colocaram os ovos”.

Em Portugal, a actividade de falcoaria tem cerca de 100 praticantes, que recorrem a aves de rapina como os falcões peregrinos e os açores para caçarem presas selvagens nos seus habitats. É obrigatório que essas aves estejam registadas no Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas e têm de descender de casais criados de forma legal em cativeiro.

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Qual é a diferença entre as caixas-ninho para corujas-do-mato, corujas das torres e peneireiros de dorso malhado? Pedro Afonso dá uma pequena explicação.

“As caixas-ninho dos peneireiros costumam ter uma abertura maior; para as corujas-das-torres, coloca-se dentro das caixas um tabique com um novo buraco, que obriga os animais a fazerem uma curva, para dificultar a entrada de predadores como os mustelídeos; quanto às corujas-do-mato, como fazem os ninhos em buracos nas árvores, as caixas-ninho são mais fundas.”

Consulte os diagramas de construção de caixas-ninho para corujas das torres, corujas-do-mato, peneireiros de dorso malhado e mochos galegos, indicados pela APF.

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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