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Exposição mostra o melhor da Wildlife Art em Espanha

19.05.2015

Através de 40 obras, 15 pintores e escultores mostram o que de melhor se fez no último ano em Espanha em arte da vida selvagem. Falámos com Juan Varela, o comissário da exposição Wildlife Art Cáceres 2015, patente até 31 de Maio.

 

De 15 a 31 de Maio, o visitante da 5ª Wildlife Art Cáceres pode ver aves, mamíferos e plantas retratados em obras para todos os gostos, desde a pedra de granito à aguarela, ferro forjado, bronze, madeira, óleo e acrílico.

A exposição, evento anual organizado pela Direcção Geral de Turismo de Cáceres, no âmbito do Festival das Aves, está patente no Palacio de Toledo-Moctezuma.

“Aqui estão reunidos alguns dos melhores artistas de natureza espanhóis”, diz Juan Varela, comissário da exposição desde o primeiro momento. “A proposta inicial de organizar a exposição partiu da SEO (Sociedade Espanhola de Ornitologia)/Birdlife que me pediu para ficar encarregue de a coordenar”.

As obras expostas, mais ou menos realistas conforme o autor, são o resultado da observação directa do animal no seu meio, das suas atitudes e comportamentos.

 

Pode ver aqui o catálogo da exposição.

Como comissário da exposição, é Juan Varela quem seleciona as obras a expor. “Fiz uma selecção entre as propostas que me enviaram os artistas que escolho todos os anos para a mostra. Tento que haja uma variedade de estilos e de técnicas, tanto em pintura como em escultura”, disse à Wilder.

 

 

 

Actualmente existem poucas oportunidades para apreciar a arte de natureza de artistas espanhóis. “Por isso, tem muita importância o facto de existir uma exposição anual em Cáceres”, acrescenta.

Juan Varela nasceu há 65 anos, “provavelmente com um lápis na mão”. “Pinto desde que era criança”, conta à Wilder. “No princípio as ferramentas eram os lápis de cor mas com a idade aprendi a usar as aguarelas, o óleo, etc. Não frequentei nenhuma escola de Belas Artes. A minha formação académica é como biólogo”.

“Observar os animais no seu ambiente com um caderno e um lápis na mão é a melhor escola de wildlife art.” – JUAN VARELA

 

Hoje desenha todos os dias, sobretudo aves. “É esse o meu trabalho diário como ilustrador e outras vezes como pintor”, conta. “Utilizo a aguarela para o trabalho de campo e também no estúdio. Mas também uso óleo, acrílico, pastel e outras técnicas.”

 

 

O seu caminho como artista começou em 1976 como colaborador do grande naturalista espanhol Felix Rodríguez de la Fuente. “Com Félix comecei a minha carreira profissional como ilustrador na enciclopédia Fauna Ibérica e colaborei em todos os seus projectos editoriais até à sua morte”. Na verdade, muito deve a este naturalista. “A minha colaboração com ele condicionou o meu futuro profissional, já que fui deixando o meu trabalho de investigação como biólogo e centrando-me cada vez mais na arte.”

Até ao momento, Juan Varela publicou 18 livros, entre eles guias de campo de aves e mamíferos e é o representante em Espanha da Artist for Nature Foundation. Acredita que o desenho de natureza tem um papel na conservação. “Para apreciar a natureza e contribuir para a sua conservação é preciso conhecê-la e a pintura e a ilustração aproximam-nos do seu conhecimento. Não há melhor obra de arte do que a natureza”.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez. 

Aqui fica o testemunho de Juan Varela para quem está a começar a desenhar a natureza

Trabalhem na natureza. Copiar fotografias não ensina nada sobre a conduta e a anatomia dos animais nem sobre a sua relação com o habitat. A fotografia é apenas uma ajuda para compreender detalhes ou para encontrar soluções de composição. Observar os animais no seu ambiente com um caderno e um lápis na mão é a melhor escola de wildlife art.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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