Os tecelões-de-sobrancelha-branca (Plocepasser mahali) machos ajudam menos os seus pais do que as fêmeas porque estão muito ocupados a procurar novos territórios para viver e se reproduzir, descobriu um novo estudo da Universidade britânica de Exeter.
O estudo, publicado na revista PLOS Biology, avaliou o comportamento cooperativo e os padrões de movimento do tecelão-de-sobrancelha-branca (Plocepasser mahali) no deserto de Kalahari, situado na África Austral, abrangendo partes do Botsuana, Namíbia e África do Sul.
Estas aves vivem em grupos familiares nos quais apenas um casal dominante se reproduz; os seus descendentes, em especial as fêmeas, ajudam a alimentar as crias mais novas.
O novo estudo quis compreender por que razão em muitas sociedades de animais um sexo tende a investir mais na ajuda à família do que o outro.
“As fêmeas dos tecelões-de-sobrancelha-branca contribuem mais para o cuidado das crias mais novas do que os machos e também permanecem mais tempo nos seus grupos familiares do que os machos”, comentou, em comunicado, Pablo Capilla-Lasheras, coordenador do estudo enquanto doutorando na Universidade de Exeter e hoje a trabalhar no Instituto Ornitológico da Suíça.
“Quisemos compreender porque surgem estas diferenças entre sexos no reino animal.”
Segundo Pablo Capilla-Lasheras, “a hipótese mais provável é que o sexo que vive mais tempo na família coopera mais porque ganha com os benefícios desta cooperação a mais longo prazo”. Isto é, “o sexo que fica na sua família mais tempo poderá receber mais ajuda dos membros da família que já ajudaram no passado do que o sexo que sai do grupo mais cedo”.
Durante mais de uma década de trabalho de campo e de monitorização do comportamento cooperativo destas aves e dos seus movimentos, a equipa de investigadores sugere que, afinal, esta não é a razão.
“As nossas conclusões apontam para uma explicação alternativa que tem chamado muito menos atenção”, comentou Andrew Young, que lidera o projecto dedicado a estas aves no deserto de Kalahari.
“Em vez disso, os machos ajudam menos porque passam mais tempo a prospectar oportunidades de outros locais para viver e se reproduzir. Esses esforços acabam por compensar o menor investimento na sua família.”
Com base nestas conclusões, a equipa sugere que esta hipótese pode oferecer uma explicação mais geral para a evolução das diferenças entre sexos a nível da cooperação no reino animal do que a visão “quanto mais tempo ficares, mais irás beneficiar de teres ajudado”.
No fundo, acrescentam os autores, “este é um desafio universal que todos os organismos enfrentam, incluindo nós próprios; nunca há tempo suficiente ou energia disponível para fazer tudo ao mesmo tempo”.