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Este é o maior atlas genético das borboletas da Europa

29.03.2021

Uma equipa internacional publicou o maior e mais detalhado atlas genético das borboletas europeias, com 22.306 exemplares de 459 espécies sequenciados.

O estudo, publicado a 9 de Março num artigo na revista científica Communications Biology, reuniu informação genética de 97% das espécies de borboletas da Europa com uma resolução sem precedentes. 

Algumas das borboletas incluídas na base de dados genética. Imagem: Vlad Dinca

“O objectivo principal do projecto era desenvolver uma base de dados exaustiva que permitisse ter uma imagem clara da diversidade e história evolutiva das borboletas europeias”, explicou, em comunicado, Roger Vila, investigador do Laboratório de Diversidade e Evolução das Borboletas no Instituto de Biologia Evolutiva (IBE-CSIC) – Universidade Pompeu Fabra (UPF).

Segundo o investigador, o novo atlas permite a identificação de qualquer amostra de borboletas (fragmento, asa, ovo, conteúdo estomacal ou fezes de predadores), em qualquer local do continente, através do ADN.

Este enorme conjunto de dados pode ter um grande impacto na conservação das borboletas e também na identificação de pragas ou introdução de espécies exóticas no território.

De acordo com os investigadores, “esta base de dados revelou áreas de elevada diversidade genética que serão reservatórios de biodiversidade, e também populações com uma genética única que correm o risco de se extinguir se não forem protegidas”, comentou Vlad Dinca, investigador da Universidade finlandesa de Oulu e anteriormente investigador no IBE-CSIC.

Erebia epiphron de La Rioja, uma população geneticamente única. Foto: Yeray Monasterio León/Asociación ZERYNTHIA

Isto porque nem todas as regiões da Europa são iguais para as borboletas. Por exemplo, “hoje sabemos que a diversidade genética das borboletas é claramente mais baixa na zona que esteve debaixo de gelo há 12.000 anos, no Centro e Norte da Europa”, explicou Vlad Dinca.

Este perito acredita que “com esta ferramenta podem ser desenhados planos de protecção de espécies de borboletas muito mais eficazes”.

O atlas reuniu 15 anos de trabalho de inúmeros investigadores e de voluntários. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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