O relatório do Censo de Aves Comuns, que tem como alvo as espécies que se reproduzem em áreas agrícolas e florestais, aponta as que foram mais vistas (e ouvidas) nas últimas contagens. Fique a conhecê-las.
Os voluntários do Censo de Aves Comuns (CAC), coordenado em todo o país pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), contaram entre abril e junho do ano passado 153 espécies diferentes, num total de 20.865 aves.
Em Portugal continental foram cobertas 34 quadrículas – área que cada voluntário deve percorrer no âmbito das contagens -, um número semelhante a anos anteriores. Do pardal ao pintassilgo, fique a conhecer as 10 aves comuns nidificantes aqui mais observadas, e qual é a situação de cada uma:
1. Pardal (Passer domesticus)
Tal como em anos anteriores, esta foi a ave observada em maiores números durante as contagens do CAC na última primavera, com um total de 2223 pardais observados, presentes em todas as áreas de contagem. Ainda assim, “vale a pena referir que o número total de aves contabilizadas desta espécie foi bastante inferior” ao mesmo período de 2022 (3086 pardais) – nota o relatório agora divulgado – apesar de o número de quadrículas se manter de um ano para o outro. Esta ave granívora tão conhecida dos portugueses tem registado uma tendência de “declínio moderado”, tendo em conta os resultados desde o primeiro ano do CAC, em 2004, o que já antes chamou a atenção da SPEA. Também noutros países, como o Reino Unido, os números têm vindo a descer.
2. Pombo-das-rochas (Columba livia)
A espécie Columba livia é omnipresente em muitas cidades, onde é mais conhecida como pombo doméstico, mas em meio selvagem mantém ainda algumas populações, casos em que é apelidada como pombo-das-rochas. Apesar de não ser uma das 64 espécies-alvo, mantém-se entre as contabilizadas em maior número pelos voluntários do CAC, de ano para ano. Em 2023, foram registados 1192 pombos-das-rochas, mais 330 do que do ano anterior. Por outro lado, neste top das 10 aves mais contadas, esta foi a espécie presente num menor número de locais: apenas 71% das quadrículas percorridas, aponta a SPEA.
3. Melro-preto (Turdus merula)
Esta ave preta de bico laranja, cujo canto se faz ouvir em muitos espaços urbanos durante a primavera, parece ser também das mais comuns fora das cidades, indicam os resultados do CAC. Com efeito, os voluntários do censo contaram 838 melros-pretos em 2023, presentes em todas as quadrículas que foram percorridas em Portugal continental. Também na Madeira e Açores, o melro esteve entre as aves com maior número de registos.
4. Estorninho-preto (Sturnus unicolor)
Outra ave de penas escuras muito presente em cidades, tal como o melro-comum, o estorninho-preto foi também dos mais contabilizados fora do meio urbano. Em 2023 foram observadas 750 destas aves que no âmbito do CAC estão associadas aos meios agrícolas, e que mostram uma tendência de aumento moderado tanto no curto termo (desde 2014) como no longo termo (desde 2004).
5. Verdilhão (Chloris chloris)
Esta ave residente esverdeada, que pode ser observada (e escutada na primavera) um pouco por todo o país, tem estado entre as 10 mais contabilizadas desde há 20 anos, quando arrancou este censo. Associado ao meio agrícola no âmbito do CAC, o verdilhão apresenta uma tendência populacional “estável”.
6. Andorinha-dos-beirais (Delichon urbicum)
Esta ave migradora, conhecida por construir os seus ninhos redondos feitos com lama em beirais de telhados, está também muito associada aos meios agrícolas. Feitas as contas, mantém-se entre as espécies mais contadas pelos voluntários do CAC: em 2023, foram registadas 667 destas andorinhas, em 79% das quadrículas percorridas. Em contrapartida, a andorinha-das-chaminés – outra das cinco espécies deste grupo presentes em Portugal – tem visto os seus números baixar nos últimos 20 anos, alertou a SPEA.
7. Milheirinha (Serinus serinus)
Conhecida também por chamariz, entre outros nomes, esta pequena ave amarelada está presente em Portugal continental ao longo de todo o ano, tanto nas cidades como nos meios agrícolas, onde é contada pelos voluntários do CAC. Apesar de ser das mais contabilizadas neste censo, com 644 aves registadas na primavera de 2023, a tendência no longo termo levanta preocupação, pois no longo termo (desde 2004) as suas populações são consideradas em “declínio moderado”.
8. Rola-turca (Streptopelia decaocto)
Com uma tendência de aumento moderado nos últimos 20 anos, esta espécie de rola estava fora da lista das 10 aves mais comuns entre 2004 e 2011. No entanto, os seus números têm vindo a crescer em muitas regiões portuguesas. De facto, de acordo o portal das Aves de Portugal, há apenas 50 anos a espécie era muito rara em Portugal.
9. Fuinha-dos-juncos (Cisticola juncidis)
Apesar de minúscula, esta ave insetívora é fácil de reconhecer quando na primavera faz os seus voos de exibição pelos campos fora, emitindo sons curtos ao ritmo de um ponteiro dos segundos. À semelhança da rola-turca, há mais de 10 anos a fuinha-dos-juncos não estava entre as mais contadas, mas os números de observações durante o censo têm vindo a crescer. Em 2023, totalizou 491 registos. Hoje, tendo em conta os registos contabilizados pelo CAC desde 2004, no longo termo, as suas populações apresentam uma tendência de “crescimento moderado”.
10. Pintassilgo (Carduelis carduelis)
Ave granívora facilmente reconhecida pelas cores das suas penas, o pintassilgo está entre as 10 aves mais contadas no âmbito do CAC, com 476 registos no censo do ano passado, indica o relatório da SPEA. Todavia, o mesmo documento mostra que no longo termo, desde 2004, esta é uma das espécies associadas aos meios agrícolas que mostram uma tendência populacional de “declínio moderado”.