Vários espécimes de plantas raras enviadas pelo Museu de História Natural de Paris, com destino ao herbário de Queensland, na Austrália, foram incinerados por agentes de bio-segurança devido a falhas de informação.
O incidente, noticiado pela televisão australiana ABC, aconteceu em Março, e levou à destruição de exemplares de flores consideradas valiosas, recolhidas e prensadas em meados do século XIX.
“Eram o primeiro espécime-tipo recolhido de uma espécie”, indicou Michelle Waycott, que preside ao Council of Heads of Australasian Herbaria, organismo que representa os principais herbários da Austrália e da Nova Zelândia. Os espécimes-tipo são espécimes que serviram de base à descrição científica de novas espécies ou géneros de plantas, por exemplo.
Esta terá sido a segunda vez, em poucas semanas, que amostras importantes de plantas foram destruídas pelos agentes dos serviços de quarentena australianos. Foi esse o destino de uma colecção de líquenes provenientes de um herbário da Nova Zelândia, com destino ao Herbário Nacional Australiano em Camberra.
“Os herbários da Nova Zelândia passaram a banir o envio de qualquer espécime para a Austrália”, sublinhou Michelle Waycott, acrescentando que suspeita de que em França a mesma decisão está a ser estudada.
Estes acontecimentos podem “afectar de forma significativa a capacidade de pesquisa “ na Austrália, receia. A troca de exemplares entre herbários é uma prática comum a nível mundial, uma vez que ajuda à identificação e ao estudo de espécies menos conhecidas.
Um porta-voz do Departamento Federal de Agricultura e Recursos Hídricos, que tutela os serviços de quarentena australianos, indicou que o material de França chegado em Janeiro tinha sido destruído porque os documentos apresentados não cumpriam as regras de importação para a Austrália.
Devido a uma troca de endereços de email, informação que deveria ter sido enviada chegou com atraso ao destino, e quando finalmente chegou faltariam ainda outros dados que foram depois pedidos, informou o porta-voz, numa nota enviada à ABC. Mas entretanto as plantas foram incineradas, o que não deveria ter acontecido, reconheceu.
Ainda assim, “os espécimes de herbário podem ter riscos para a bio-segurança”. “Podem incluir solo e outros itens que representam riscos de pragas e doenças para a Austrália”, afirmou.
Quanto aos espécimes da Nova Zelândia que terão sido também destruídos, o porta-voz disse desconhecer essa situação.