Nove águias-rabalvas (Haliaeetus albicilla) são as protagonistas deste ambiocioso projecto, que quer estabelecer uma população reprodutora desta espécie já extinta em Espanha.
Para conseguir que a águia-rabalva volte a ter populações reprodutoras em Espanha, é agora posta em marcha a fase experimental do projecto Pigargo, que durará dois anos mas que poderá ter continuação.
Esta águia – que também já se extinguiu em Portugal – é uma rapina grande, muito ligada a meios aquáticos.
A primeira medida foi o transporte a partir da Noruega, com a autorização da autoridade ambiental desse país (Norwegian Environment Agency), de nove águias-rabalvas nascidas este ano no seu habitat natural. Ao albergar, juntamente com a Rússia, as melhores populações europeias desta águia, a Noruega tornou-se no exportador de exemplares para projectos de reintrodução em outros países com populações pequenas ou onde a espécie se extinguiu.
“Sabemos que as autoridades da Noruega e os peritos desse país têm grande expectativas neste projecto que agora começa em Espanha”, comentou Ernesto Álvarez, presidente da associação conservacionista GREFA (Grupo de Reabilitação da Fauna Autóctone e seu Habitat).
As jovens águias chegaram a Espanha, por avião, a 29 de Junho e foram recebidas no aeroporto de Madrid-Barajas por uma equipa da GREFA. Foi um “momento muito emocionante, pelo qual esperávamos há anos”, comentou Álvarez.
Depois de alguns dias no centro de recuperação de fauna selvagem da GREFA em Majadahonda (Madrid), para uma avaliação veterinária completa, as águias foram levadas hoje para a zona escolhida para a sua libertação, nas Astúrias, mais concretamente em terrenos municipais em Pimiango, concelho de Ribadedeva.
As aves foram reintroduzidas num recinto especial de grandes dimensões, onde passarão uma temporada aclimatando-se à zona e socializando entre elas, enquanto são alimentadas e vigiadas pelos técnicos do Projecto Pigargo.
Estas aves têm um pequeno emissor GPS para permitir seguir os seus movimentos e obter informação sobre a sua vida quando forem definitivamente libertadas neste Outono.
“Quando depois de um período de aclimatação se abrirem as portas deste recinto, as águias poderão voar livres e tornar-se nas protagonistas de uma das primeiras reintroduções de uma espécie incluída na Lista de Espécies Extintas em Espanha”, comenta, em comunicado a GREFA.
Esta lista, aprovada em Agosto de 2018, inclui os animais e as plantas que, depois de terem desaparecido de Espanha no passado, podem ser objecto de projectos de reintrodução autorizados pelas administrações competentes. Entre essas espécies estão oito aves, sendo a águia-rabalva uma delas.
Se durante esta fase experimental do projecto, que durará dois anos, forem alcançados bons resultados – quanto à adaptação e integração das aves libertadas no ecossistema – o Projecto Pigargo vai continuar com a libertação anual de até 20 exemplares durante pelo menos mais cinco anos. O objectivo é estabelecer uma população reprodutora da espécie em Espanha.
O Projecto Pigargo começa agora. Mas está a ser preparado há vários anos pela GREFA, especializada na recuperação e reintrodução de fauna selvagem ameaçada, com o apoio do Ministério espanhol para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico (Miteco) e com a colaboração do Principado das Astúrias, do Ayuntamiento de Ribadedeva e do governo de Cantábria.
“Depois de mais de 30 anos a desejar o regresso da águia-rabalva a Espanha, estamos perante uma oportunidade única para gerar dinâmicas positivas em favor da conservação e protecção das zonas costeiras, das zonas húmidas e dos bosques onde vive esta majestosa águia, sem esquecermos o positivo que pode ser para as economias locais contar com uma espécie tão emblemática e atractiva”, acrescentou o presidente do GREFA.