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Peixe-lua. Foto: Universidade de Sevilha

Equipa da Universidade de Sevilha liberta peixe-lua com mais de 1.000 quilos preso em rede de pesca

27.10.2021

O animal, localizado nas águas de Ceuta no início do mês, foi libertado da rede de pesca na qual tinha ficado preso e devolvido ao oceano.

Investigadores da Estação de Biologia Marinha do Estreito da Universidade de Sevilha tiveram a oportunidade de analisar um peixe-lua, localizado a 4 de Outubro nas águas de Ceuta. O animal tinha ficado preso nas redes de pesca ao atum e foi devolvido ao mar, depois de uma breve análise e da colocação de um dispositivo que vai permitir conhecer as deslocações deste peixe.

O exemplar tinha 2,90 metros de comprimento e uma distância entre as barbatanas de 3,20 metros. Quanto ao seu peso chegou aos 1.000 quilos, o limite máximo da balança que estava disponível na ocasião. Ainda assim, os investigadores acreditam que o animal pode pesar mais. Foram precisas duas gruas para o levantar.

“Sabíamos que havia peixes-lua com estas dimensões, mas nós nunca os tínhamos visto”, comentou Enrique Ostalé Riveras, coordenador daquela Estação de Biologia Marinha à edição espanhola da CNN.

“Já os tínhamos visto num livro e em artigos científicos, mas tê-lo aqui, na verdade, impressionou-me muito.”

Nos últimos quatro anos, investigadores do Laboratório de Biologia Marinha da Universidade de Sevilha e investigadores suíços têm estado a trabalhar no seguimento da população de peixes-lua que passam por Ceuta para diferenciar, com precisão morfológica e geneticamente, as duas espécies Mola mola e Mola alexandrini. O exemplar localizado por estes investigadores pertence a esta última espécie.

O peixe-lua é um peixe predador de grande porte ameaçado e classificado como Vulnerável, de acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) uma vez que se estima um declínio global de 10% por década.

É uma espécie icónica que contribui para o equilíbrio do ecossistema oceânico, já que funciona como regulador de organismos gelatinosos. 

Miguel Baptista, investigador no MARE (Centro de Ciências Marinhas e Ambientais) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tem estudado as características deste predador de topo da cadeia alimentar e delineou medidas de conservação mais objectivas e necessárias, tendo em vista o declínio generalizado desse peixe.

Este seu trabalho foi distinguido recentemente e ganhou o segundo Prémio de Doutoramento em Ecologia 2021 – Fundação Amadeu Dias, organizado pela SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia.

 


Saiba mais.

Recorde aqui o encontro surpreendente deste biólogo com um peixe-lua ao largo das Berlengas.

E se quiser ver um peixe-lua mais de perto, pode sempre visitar o Oceanário de Lisboa.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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