O animal, localizado nas águas de Ceuta no início do mês, foi libertado da rede de pesca na qual tinha ficado preso e devolvido ao oceano.
Investigadores da Estação de Biologia Marinha do Estreito da Universidade de Sevilha tiveram a oportunidade de analisar um peixe-lua, localizado a 4 de Outubro nas águas de Ceuta. O animal tinha ficado preso nas redes de pesca ao atum e foi devolvido ao mar, depois de uma breve análise e da colocação de um dispositivo que vai permitir conhecer as deslocações deste peixe.
O exemplar tinha 2,90 metros de comprimento e uma distância entre as barbatanas de 3,20 metros. Quanto ao seu peso chegou aos 1.000 quilos, o limite máximo da balança que estava disponível na ocasião. Ainda assim, os investigadores acreditam que o animal pode pesar mais. Foram precisas duas gruas para o levantar.
“Sabíamos que havia peixes-lua com estas dimensões, mas nós nunca os tínhamos visto”, comentou Enrique Ostalé Riveras, coordenador daquela Estação de Biologia Marinha à edição espanhola da CNN.
“Já os tínhamos visto num livro e em artigos científicos, mas tê-lo aqui, na verdade, impressionou-me muito.”
Nos últimos quatro anos, investigadores do Laboratório de Biologia Marinha da Universidade de Sevilha e investigadores suíços têm estado a trabalhar no seguimento da população de peixes-lua que passam por Ceuta para diferenciar, com precisão morfológica e geneticamente, as duas espécies Mola mola e Mola alexandrini. O exemplar localizado por estes investigadores pertence a esta última espécie.
O peixe-lua é um peixe predador de grande porte ameaçado e classificado como Vulnerável, de acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) uma vez que se estima um declínio global de 10% por década.
É uma espécie icónica que contribui para o equilíbrio do ecossistema oceânico, já que funciona como regulador de organismos gelatinosos.
Miguel Baptista, investigador no MARE (Centro de Ciências Marinhas e Ambientais) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tem estudado as características deste predador de topo da cadeia alimentar e delineou medidas de conservação mais objectivas e necessárias, tendo em vista o declínio generalizado desse peixe.
Este seu trabalho foi distinguido recentemente e ganhou o segundo Prémio de Doutoramento em Ecologia 2021 – Fundação Amadeu Dias, organizado pela SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia.
Saiba mais.
Recorde aqui o encontro surpreendente deste biólogo com um peixe-lua ao largo das Berlengas.
E se quiser ver um peixe-lua mais de perto, pode sempre visitar o Oceanário de Lisboa.