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Foto: Joana Bourgard / Wilder

Em rara decisão, juiz suspende abate de floresta na Argentina

20.08.2024

Um juiz federal na Argentina ordenou nesta segunda-feira uma suspensão de três meses do abate da floresta na província de Chaco, no Norte do país, uma decisão rara para proteger um dos habitats florestais que está a ser destruído mais rapidamente por causa da agricultura.

A província de Chaco situa-se na maior região de floresta da América do Sul depois da Amazónia e estende-se pela Argentina, Paraguai, Bolívia e Brasil. Regista algumas das taxas de desflorestação mais elevadas do mundo.

Aquela floresta é a casa de inúmeras espécies, incluindo jaguares, ocelotes, tapires e pumas.

As autoridades estão a investigar autoridades locais e responsáveis de empresas, em especial no sector da produção de cereais, suspeitos de retirarem lucros ilegalmente, de abuso de autoridade e de incumprimento de deveres públicos, segundo a agência de notícias Reuters.

“O juiz ordenou a suspensão total do abate de árvores na província de Chaco”, disse Enrique Viale, presidente da Associação Argentina de Advogados Ambientais (AAdeAA), organismo que apresentou a queixa original.

“Isto vai garantir que não sejam causados danos ambientais durante a investigação que está em curso. Vamos continuar até conseguirmos desmantelar a máfia que abate as florestas e acabar com o abate de árvores”, acrescentou à Reuters.

Entre as principais actividades económicas na província de Chaco, que tem uma área de cerca de 100 quilómetros quadrados, estão a exploração florestal, a cultura de soja e de algodão e a criação de gado.

Segundo a organização não governamental Fundación Vida Silvestre, a região Gran Chaco perdeu 30% das suas florestas, sendo que 76% da desflorestação ocorrida de forma ilegal aconteceu entre 2007 e 2021.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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