A população de visão-europeu (Mustela lutreola) em Espanha está estimada em 142 indivíduos, revela estudo nacional espanhol dirigido a esta espécie Criticamente Em Perigo.
O estudo, feito com base em métodos genéticos não invasivos a partir de mais de 4000 armadilhas de pêlo – tubos de PVC com tiras adesivas no seu interior e um isco – e modelos de captura-recaptura, teve a coordenação do Ministério espanhol do Ambiente e a colaboração de investigadores portugueses do CIBIO.
O laboratório que colaborou com este estudo extraiu ADN dos pêlos e procedeu à identificação genética das espécies às quais pertenciam e a sua identificação visual para saber de quantos indivíduos diferentes se tratavam.
Os resultados mostraram que cerca de metade das amostras de pêlo correspondiam a visão-europeu, procedentes de tubos instalados em Álava, Aragão, Burgos, La Rioja e Navarra. As outras amostras eram de outras espécies, como Martas, visões-americanos, gatos, ginetas ou raposas.
A análise genética de identificação individual permitiu reconhecer a existência de um mínimo de 87 exemplares de visão-europeu nas amostras (50 fêmeas e 37 machos). A partir desta informação fez-se uma cartografia de onde estão os visões e a estimativa total da sua população, com uma média de 142 exemplares.
Segundo o Ministério do Ambiente espanhol, “Espanha tem uma grande responsabilidade” na conservação desta espécie a nível global, uma vez que sobrevivem três subpopulações no mundo, uma delas na Europa Ocidental, concretamente em Espanha e no Sul de França.
As outras duas subpopulações estão no Noroeste da Europa, em concreto na Rússia e numa ilha da Estónia, e no Sudeste do continente europeu, nos deltas do Danúbio e do Dniéster, na Roménia e Ucrânia. Para todas elas estimou-se uma redução da área de distribuição superior a 95% desde meados do século XIX.
Em Espanha, o visão-europeu conta desde 2005 com uma Estratégia nacional de conservação e em 2008 foi aprovado um Programa de conservação para a espécie.
Hoje, esse programa está a proporcionar entre 20 a 30 crias por ano que são reintroduzidas na natureza para reforçar as populações selvagens distribuídas pela parte alta da bacia hidrográfica do rio Ebro. Incluí territórios de Álava, Guipúzcoa, Vizcaya, Navarra, La Rioja, Norte de Castela e Leão (províncias de Burgos e Soria) e, em Aragão, pequenos núcleos em Zamora.